O final da temporada do reality 'Casamento às Cegas' agitou a web nos últimos dias, mas não foi só pela curiosidade dos fãs do programa. Um humorista fez uma "piada" sobre a participante Bianca Sessa, que é uma Pessoa com Deficiência (PcD). A prática discriminatória tem nome: capacitismo.
O humorista Marcelo Duque fez uma “piada” sobre a participante Bianca Sessa, que apareceu chorando nos stories do Instagram.
“A piada deixa de ser engraçada quando ofende alguém e, sinceramente, eu nunca me senti tão humilhada e envergonhada na vida”, disse Bianca via stories.
No vídeo, Duque debocha do fato de Bianca ter ido a um reality para se casar sendo que não possui a mão esquerda, onde a aliança do casamento deveria ficar.
Práticas discriminatórias como esta podem ser classificadas como exemplos de capacitismo.
O capacitismo é a discriminação ou o preconceito contra pessoas com deficiência. A expressão também está ligada à ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais ou incapazes. É uma forma de opressão, que vai além dos termos e olhares ofensivos.
A influenciadora Talita Vieira, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista, mostra em vídeos no Instagram como o capacitismo funciona. Ela simula frases e questionamentos feitas por pessoas neurotípicas (sem o transtorno) à pessoas autistas:
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a desigualdade – que é considerada um dos maiores problemas do país – atinge duramente pessoas com deficiência. Se analisarmos o mercado de trabalho, a taxa de participação dessa população é de 28%, com um rendimento médio mensal de R$ 1.639, enquanto as pessoas sem deficiência recebem cerca de R$2.619.
Para Jenifer Zveiter, Head de DE&I na Condurú Consultoria, a luta pela diversidade, equidade e inclusão é diária, e, sem pessoas aliadas, a causa se torna cada vez mais difícil e combater o capacitismo recreativo e linguístico fica sempre muito distante.
“Não podemos nos esquecer que esse tipo de preconceito se manifesta das mais diversas formas, não somente nas piadas, mas também em ações e expressões que muitas pessoas usam corriqueiramente. A invisibilidade destes corpos, a representação estereotipada e a ideia de que essas pessoas não se adequam à coletividade também são formas de capacitismo”, diz.
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