A economia do país foi abalada recentemente pelas incertezas no mercado de trabalho e por uma economia mundial em desaceleração, o que afeta a demanda de produtos chineses.
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Os problemas financeiros do setor imobiliário, com grandes empresas à beira da falência e lutando para concluir projetos, também afeta o crescimento.
Outro sinal de desaceleração é que os empréstimos às famílias atingiram no mês passado o menor nível desde 2009.
Diante do cenário, o Banco Popular da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou a redução da taxa preferencial de empréstimos (LPR) de um ano, que serve como um ponto referência para os empréstimos corporativos, de 3,55% para 3,45%.
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A LPR a cinco anos, utilizada para estabelecer o preço das hipotecas, permanece em 4,2%.
Monitoradas de perto pelos mercados, as duas taxas estão em seus menores índices históricos.
A medida anunciada nesta segunda-feira, contrária à tendência de aumento das taxas de juros dos bancos centrais ao redor do planeta, tem o objetivo de estimular os bancos comerciais a conceder mais empréstimos, com taxas mais vantajosas, a empresas e particulares.
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“Riscos ocultos”
Os analistas entrevistados pela agência Bloomberg esperavam, no entanto, uma redução mais ambiciosa da taxa.
“O corte da taxa LPR é decepcionante e pode até ser contraproducente caso os mercados o interpretarem como uma relutância do governo chinês a adotar medidas de estímulo mais consequentes”, disse Maggie Wei, do banco americano Goldman Sachs.
As Bolsas chinesas não receberam bem o anúncio: Xangai fechou em queda de 1,24%, Shenzhen perdeu 1% e Hong Kong recuou 1,82%.
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Na sexta-feira, o Banco Central e as agências de regulamentação financeiras destacaram a necessidade de “apoiar” ainda mais a economia e reduzir “os riscos ocultos”, informou a imprensa estatal no domingo, mas sem revelar a natureza dos perigos.
Setor imobiliário em crise
A aguardada recuperação pós-covid, após a suspensão das restrições de saúde no fim de 2022, perdeu ímpeto nos últimos meses e o setor imobiliários continua em crise.
Os problemas do grupo imobiliário Country Garden, que por muito tempo foi considerado sólida e atualmente enfrenta uma grande dívida, aumentam o temor de uma falência com consequências imprevisíveis para o sistema financeiro chinês.
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Os números fracos divulgados nas últimas semanas aumentaram a pressão por um grande pacote de estímulo, o que o governo se recusa a fazer para não aumentar o endividamento.
O governo, porém, multiplicou as medidas em favor do setor privado, muito afetado durante a crise de covid, e do consumo, por meio de deduções fiscais.
Mas os dispositivos parecem não surtir grande efeito, no momento em que 20% dos jovens estão desempregados.
A desaceleração econômica deixa em risco a meta de crescimento estabelecida pelo governo, de cerca de 5% para 2023.
Caso o objetivo não seja alcançado, o país registrará uma das menores taxas de crescimento anual em décadas, sem considerar o período de pandemia.
Pequim admitiu na semana passada as “dificuldades” econômicas, mas criticou o pessimismo dos analistas ocidentais, que questionam a capacidade chinesa de sustentar o crescimento global.
“A recuperação econômica da China vai registrar ondas e será um processo tortuoso que inevitavelmente enfrentará dificuldades e problemas”, afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.
“Alguns políticos e meios de comunicação ocidentais exageraram os problemas periódicos do processo de recuperação posterior à pandemia, mas com o tempo será provado que estão equivocados”, acrescentou.
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