Cientistas reprogramam células de defesa contra câncer de mama

Pesquisadores da Fiocruz em Minas Gerais conseguiram resultados promissores ao reeducar células de defesa do organismo para combater o câncer de mama, um avanço na busca por estímulos do sistema imunológico para reconhecer o tumor como uma ameaça a ser combatida. O estudo representa uma nova opção de tratamento da doença, especialmente em casos de tumores agressivos.

Publicado por
Marcela Guimarães

Utilizando nanopartículas de óxido de ferro, os cientistas conseguiram modificar os macrófagos, um tipo de célula de defesa, para que pudessem atuar contra o câncer. Essas células são responsáveis por quase metade da massa de um tumor.

Enquanto o tipo M1 de macrófago inibe o crescimento das células cancerosas, o tipo M2 tem um efeito anti-inflamatório e permite o desenvolvimento das células tumorais. As nanopartículas alteraram a quantidade de ferro presente nas células e promoveram a reprogramação, convertendo o tipo M2 em M1.

Segundo o líder do grupo de Imunologia Celular e Molecular da Fiocruz e coordenador do projeto, Carlos Eduardo Calzavara, o estudo abre caminho para novos tratamentos. “Não é um tratamento substitutivo, mas pode vir a ser uma alternativa, principalmente em casos de tumores agressivos.”

Como foi realizado o estudo?

Foram três etapas: primeiro, testes in vitro foram conduzidos em laboratório, onde os macrófagos e as células tumorais foram cultivados em contato com as nanopartículas. Essa abordagem resultou na reprogramação dos macrófagos e na morte das células cancerosas.

Em seguida, um modelo 3D multicelular, simulando o microambiente do tumor de câncer de mama, foi utilizado para novos ensaios. Por fim, testes em camundongos com câncer de mama foram realizados, onde uma única aplicação das nanopartículas reduziu a massa tumoral em 50%.

As nanopartículas de óxido de ferro utilizadas no estudo foram produzidas nos laboratórios da Fiocruz Minas, em colaboração com a equipe do professor Celso Melo, do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco.

Atualmente, os pesquisadores estão trabalhando para determinar informações sobre absorção, efeitos colaterais, doses e toxicidade, a fim de iniciar os testes clínicos em humanos.

A pesquisa oferece esperança para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes baseados em imunoterapia, que estimulem o próprio sistema imunológico do paciente a combater a doença.

(Fonte: Agência Einstein)

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Marcela Guimarães

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