Contratação de Cuca gera revolta em torcida e jogadoras do Corinthians

Na semana passada (20/04), o Corinthians anunciou Alexi Stival, conhecido como Cuca, como o novo técnico da equipe. A notícia gerou incômodo em parte da torcida e do time feminino do clube, em razão de uma condenação por estupro que o treinador teve em 1989. Segue o fio...

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Danielly Oliveira

No último domingo (23), jogadoras e comissão técnica do time feminino do Corinthians movimentaram o Instagram com postagem, partilhada por várias atletas, que questiona, indiretamente, a contratação de Cuca. O primeiro post, inclusive, foi repostado pelo pai do presidente do Corinthians, Duilio Monteiro.

Sem mencionar nomes e de modo sutil, as atletas veicularam uma mensagem que evidencia o alcance das denúncias feitas por mulheres que recusam o silenciamento diante da violência de gênero.

As postagens foram feitas no minuto 87 do jogo de estreia de Cuca contra o Goiás – uma referência ao ano (1987) em que teria ocorrido o episódio de estupro em Berna, na Suíça. Na partida, o Timão foi derrotado por 3 a 1.

Na sexta-feira (21), o Corinthians promoveu uma coletiva de imprensa para abordar a contratação de Cuca. A primeira pergunta feita ao técnico foi relacionada ao estupro. Nela, o jornalista indaga se ele não cogitou recusar a proposta, após notar a repercussão do caso.

Cuca disse que “respeitou e respeita todas as mulheres” e que nunca encostou “um dedo indevidamente em nenhuma mulher” e que as acusações ainda “machucam muito”. Ele afirmou, ainda, que o que dizem a seu respeito não corresponde à realidade e que não se defendeu na época porque não tinha dinheiro, e sequer foi ouvido por um juiz, que julgou o caso à revelia.

Entenda o caso

Em 1987, quando era jogador do Grêmio, Cuca e os colegas de equipe Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi foram acusados de terem estuprado uma garota que tinha 13 anos, durante uma viagem do Tricolor Gaúcho para a Suíça.

Segundo a investigação da polícia local, a menina se dirigiu ao quarto de hotel dos jogadores gremistas com alguns amigos para pedir uma camisa do clube brasileiro. Os atletas teriam expulsado os acompanhantes da garota e abusado dela sexualmente.

Após cerca de 30 dias presos em Berna, os jogadores foram liberados e retornaram ao Brasil.

Mesmo sem os acusados, a Justiça suíça seguiu com o processo e, em 1989, os jogadores foram enquadrados no artigo 187 do Código Penal Suíço.

Com a decisão, Cuca, Eduardo e Henrique teriam que cumprir 15 meses de prisão, além de pagarem multa. Já Fernando foi condenado a três meses de prisão e pagamento de multa por ter sido cúmplice.

Cuca se defende da acusação citando que foi julgado sem se defender. Isso porque nenhum dos jogadores acusados compareceu ao julgamento. Porém, todo o processo contou com acompanhamento do departamento jurídico do Grêmio, que estava a par da situação.

Apesar de condenados, os jogadores nunca cumpriram a pena. Por quê?

Depois da condenação, os jogadores teriam que ir até a Suíça para cumprir a pena, o que nunca ocorreu, já que o Brasil não extradita cidadãos brasileiros. Ou seja, o quarteto teria que ir por vontade própria à Europa para cumprir a sentença, o que nunca ocorreu.

No caso de Cuca e dos seus colegas o processo prescreveu devido a idade da condenação. O Código Penal da Suíça indica que se passarem 15 anos de uma sentença de 1 a 5 anos de reclusão, o condenado não precisa cumprir a pena.

Desde que a contratação de Cuca foi anunciada o episódio de violência sexual em que esteve envolvido provocou reações e manifestações nas redes sociais. O teor das publicações variou, indo de recados de apoio ao técnico do Corinthians a declarações de desprezo por sua figura, diante do crime cometido.

Apesar da pressão da torcida e as especulações de que a contratação de Cuca não vai muito longe, ele anunciou, nesta segunda-feira (24), que permanece no Corinthians.

A equipe do Curto News solicitou à assessoria do Corinthians posicionamento sobre o caso e, ainda, aguarda retorno.

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Danielly Oliveira

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