Covid-19 pode trazer infertilidade masculina, mostra estudo

A covid-19 pode ter um impacto na fertilidade masculina, segundo uma revisão de estudos conduzida pelo Núcleo de Medicina Baseada em Evidências da Faculdade de Ciências Médicas de Santos. A alteração acontece tanto na contagem de espermatozoides como na queda dos níveis de testosterona, mostra o levantamento recém-publicado no International Brazilian Journal of Urology.

Publicado por
Marcela Guimarães

Nos artigos avaliados, há relatos de alterações no sêmen dos pacientes, como baixos níveis de espermatozoides ou até mesmo mudanças na mobilidade deles.

As alterações foram mais acentuadas naqueles que estavam gravemente doentes. Em alguns casos, havia a informação de que os pacientes já tinham filhos, o que afasta a possibilidade de ser um problema anterior à covid.

A boa notícia é que os pesquisadores afastam a a possibilidade de contágio via sexual, já que a presença do vírus no sêmen foi raríssima.

E por que isso acontece?

Uma das explicações para as complicações urológicas da covid é a inflamação sistêmica causada pela doença.

Além disso, as células que o vírus usa para invadir o organismo – os receptores da enzima conversora de angiotensina – estão presentes em vários órgãos, como pulmões, mas também no sistema urinário e reprodutivo, sugerindo que esses locais também poderiam ser afetados diretamente pelo vírus.

Como foi feita a pesquisa?

A revisão foi feita nas principais bases de dados a partir de mais de 8 mil artigos. Desses, 49 preencheram os critérios dos autores, como apresentar desfechos relevantes, totalizando mais de 3 mil indivíduos.

A queda nos níveis hormonais também foi associada à gravidade da doença. Segundo um dos artigos, essa taxa foi associada inversamente com a entrada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sugerindo que os níveis de testosterona podem ser um marcador precoce da gravidade da doença.  

“Não sabemos se os impactos são transitórios ou se terão efeito a longo prazo”, diz Luca Schiliró Tristão, um dos autores do estudo. “Ainda há muito a ser estudado, faltam pesquisas a longo prazo porque este tipo de estudo”, ressalta ele, sobre o levantamento que foi feito com os pacientes ainda hospitalizados.

Problemas como aumento da frequência urinária e inflamação nos testículos, mas de menor relevância, também apareceram na revisão. 

 (Fonte: Agência Einstein)

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Marcela Guimarães

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