ANÁLISE: Um chute na República, um tapa na nossa cara

A Câmara dos Deputados deu mais um tapa na cara dos brasileiros. Não há outra maneira para se descrever a aprovação, na noite desta quarta-feira, de um projeto de lei que pune uma tal de “discriminação” contra os políticos.

A blindagem travestida de lei pretende colocar na cadeia quem recusar serviços, em instituições financeiras, para um político ou para seus parentes. Foram 252 votos favoráveis e 163 contrários.

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A votação foi em regime de urgência, claro, não há nada mais importante na pauta do Congresso do que criar privilégios para seus ocupantes.

Poderia ter sido ainda pior, pretendia-se punir severamente quem chamasse políticos condenados por corrupção de corruptos.

Faz muito sentido o texto ser de autoria da deputada federal Danielle Cunha, filha do ex-deputado Eduardo Cunha. Também não surpreende nem um pouco que Artur Lira e o presidente Lula tenham dado apoio à proposta. Nem é preciso explicar.

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Os escombros de um dos pilares do espírito republicano, que diz sermos todos iguais perante a lei, ficou ainda mais difícil de ser restaurado. Temos no Brasil uma casta de representantes políticos, de intocáveis. Os demais são cidadãos de segunda classe.

Talvez essa tenha sido uma singela maneira dos deputados homenagearem os 10 anos das manifestações de 2013, cujas uma das bandeiras era justamente combater essa doença brasileira.

Aos demais brasileiros, pobres mortais, resta a necessidade de despertar e usar seus instrumentos de cidadania para combater esse abuso explícito e tentar impedir que ele seja referendado no Senado. E se mobilizar contra futuras investidas, que certamente virão.

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 Anotem os nomes dos seus representantes que endossaram esse e outros atentados contra as nossas instituições. Pressionem seus congressistas. E não os esqueçam na hora de votar em 2026.

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