Se você é fã da novela Pantanal – ou não assiste, mas já leu ou ouviu algo sobre ela – deve estar sabendo que o protagonista, José Leôncio, interpretado por Marcus Palmeira, demostra um cansaço insistente que, ao que tudo indica (e os sites de notícias sobre a TV adiantam), são sinais de problema no coração.
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E como a ficção imita a vida, os sinais de doenças cardíacas nem sempre são percebidos ou são até ignorados. Os mais clássicos – como cansaço excessivo e falta de ar – são até conhecidos e divulgados. Mas mensurar sintomas de doenças cardíaca pode ser difícil pela subjetividade, já que, muitas vezes, eles podem não ser reconhecidos pelas doentes ou nem sequer relatados à profissionais de saúde.
O que talvez pouca gente saiba é que existem aqueles sinais que não são iguais para homens e mulheres. Uma nova declaração científica publicada pela Associação Americana do Coração (AHA) destaca que os sintomas das seis principais doenças cardiovasculares podem ser diferentes para ambos os sexos.
Veja a lista com as 6 doenças cardiovasculares mais comuns e os diferentes sintomas para homens e mulheres:
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- Infarto: Segundo o documento, o sintoma mais frequente relatado quando uma pessoa está infartando é a dor no peito (como uma pressão), que irradia para costas, ombros, braço e mandíbula. Os sinais menos frequentes e mais relatados pelas mulheres são a falta de ar, sudorese ou suor frio, fadiga incomum, náusea e tontura.
- Insuficiência cardíaca: a falta de ar é o sintoma mais clássico e o que faz as pessoas procurarem um médico. Mas, outros sintomas mais precoces devem ser considerados, como problemas gastrointestinais, dor de estômago, náuseas, perda de apetite, insônia, distúrbios do humor e disfunção cognitiva. Segundo o documento, mulheres com insuficiência cardíaca têm mais problemas de depressão, de ansiedade e relatam menos qualidade de vida. Elas também relatam palpitações, níveis maiores de dor e alterações digestivas.
- Doença valvar: a doença da válvula cardíaca é uma causa comum de insuficiência cardíaca e tem o mesmo sintoma principal, que é a falta de ar. A pessoa com doença valvar pode passar anos sem sintomas e desenvolvê-los progressivamente. Entre os sinais atípicos estão a hipertensão dos pulmões. As mulheres relatam mais falta de ar, intolerância ao exercício e fragilidade física do que os homens (eles costumam relatar dor torácica).
- Acidente vascular cerebral: acontece quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido. Os principais sinais são facilmente reconhecíveis por se tratar de uma emergência médica (rosto caído para o lado, dificuldade de fala/fala distorcida e fraqueza nos braços). Mas há outros sintomas que podem ajudar a identificar: confusão mental, tontura, perda da coordenação e do equilíbrio e alterações visuais. Segundo o documento, as mulheres são mais propensas a terem sintomas menos familiares, como dor de cabeça e alterações motoras e sensitivas.
- Arritmia cardíaca: as arritmias cardíacas são frequentemente descritas como batimentos acelerados, irregulares e agitados. Outros sintomas incluem fadiga, falta de ar e tontura – todos compartilhados com outras doenças cardiovasculares. Os menos comuns incluem dor no peito, desmaio e ansiedade. As mulheres e adultos mais jovens relatam sentir mais palpitações.
- Doença arterial periférica: é caracterizada pelo entupimento das artérias de membros inferiores. As pessoas podem não ter sintomas ou terem o sinal clássico que é a dor em um ou nos dois músculos da panturrilha (que ocorre durante a caminhada e desaparece com o repouso). Porém, câimbras, fadiga, dor nos dedos ou em outras partes do pé também podem ser sinais importantes, pois a condição aumenta o risco de infarto ou AVC. A depressão é um problema bastante comum em mulheres com doença arterial periférica.
O documento revisou uma série de estudos, mas alerta que os sintomas se sobrepõem e são experimentados de formas diferentes durante um certo período, além de, claro, variar de acordo com o sexo e com a gravidade. Por isso é importante reconhecer os sinais típicos e atípicos para prevenir as doenças cardiovasculares.
“Esse é um documento para alertar não apenas a população leiga, mas também a comunidade médica. Ele parte da premissa de que a maioria dos sintomas é subjetivo. Então, o médico precisa saber identificar o que o paciente está trazendo de informação”, diz Humberto Graner, cardiologista e coordenador do Pronto-Atendimento do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.