Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, fez um apelo nesta terça-feira (23) às autoridades competentes para que adotem "medidas drásticas" contra os casos de racismo nos estádios de futebol, dois dias após os insultos proferidos contra Vinícius Júnior em Valência.
“Isto tem que parar. Acontece todos os dias. Acontece com muitos outros, com Vini, mas também com outros. Gritam filho da puta, bicha, que seu pai morra, sua mãe… Não é uma guerra, é um esporte. Este é o momento, temos uma grande oportunidade de parar com isto”, disse Ancelotti na véspera da partida do Real Madrid contra o Rayo Vallecano, na qual Vinícius Júnior não jogará por ter recebido cartão vermelho na partida de domingo.
“É um momento importante para adotar medidas drásticas. As instituições têm uma oportunidade, especialmente agora, para tomar medidas radicais neste tema importante”, insistiu o técnico italiano.
“Para mim, este é um momento que tem que servir para todos. Queremos mudar esta situação, todos nós, é algo muito ruim para todos, gostamos do futebol, amamos, esperamos que seja o mais limpo possível… Estamos esperando para ver o que acontece. Adotar medidas é o mais normal. Aqui eu falo para a Federação e para LaLiga, e para a inteligência de todos os torcedores de futebol, e para a educação, acima de tudo, para a educação de cada um”, explicou.
“Condenar não é suficiente. Nós começamos a condenar há muito tempo. Depois de condenar, você deve agir, e até agora não tivemos nenhuma ação. É um problema de racismo e também de insultos. Há países em que você não é insultado. Na Inglaterra não te insultam, porque a questão foi resolvida há muito tempo, em 1985, quando foram excluídos das competições europeias, então resolveram este caso. Nas partidas da liga inglesa não há polícia”, disse, ao estabelecer uma comparação entre Espanha e Inglaterra.
“Aqui, parece que você vai para a guerra, tem uma viatura na frente, ao lado, do outro lado, atrás… O que é isso? Na Inglaterra, a questão foi resolvida há muito tempo, com a adoção de medidas drásticas, muito drásticas”, disse.
“O protocolo está obsoleto, acredito que sim. O protocolo deveria ser aplicado quando o ônibus chega ao estádio, porque foi quando os insultos começaram. Duas horas antes da partida, e não foi um caso isolado. O Valencia disse que foi um caso isolado. Claro, não eram 46.000 pessoas, mas não eram uma ou duas. O protocolo tem que começar aí. Se você começa o protocolo no minuto 70, você está errado, tem que começar duas horas antes da partida e durante a partida”, afirmou.
“A Espanha não é racista, também tenho que dizer, mas há racismo na Espanha, sim, como em outros lugares. E isto tem que acabar”, acrescentou Ancelotti.
Vinícius, que está “um pouco triste” segundo o técnico, não participou no treino desta terça-feira porque estava “com dores em um joelho”.
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