Hoje, o Brasil é o segundo país com maior taxa de jovens de 18 a 24 anos que não conseguem emprego e não podem concluir os estudos. Segundo a OCDE, as perspectivas de trabalho tendem a melhorar entre os jovens que conseguem diploma. Por isso, o órgão incentiva maior liberação de créditos estudantis por meio de programas de assistência - que durante o governo Bolsonaro foram cortados em 18,3%. O financiamento estudantil - seja ele privado, pelo ProUni ou Fies - mira no aumento de matrículas pois abre a possibilidade do aluno "pagar depois de formado".
Durante a pandemia no Brasil, houve piora no desemprego e a desigualdade salarial para essa faixa, conhecida como a idade de transição para o mercado de trabalho.
Divulgado no último dia 3, o relatório Education at a Glance da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliou o panorama do ensino superior e do emprego nos cerca de 40 países que fazem parte do grupo.
Sobre a situação brasileira, o documento destaca que:
De acordo com o relatório, pessoas com diploma foram as menos afetadas durante a pandemia, ou conseguiram recuperar o emprego mais rapidamente. Em todos os países analisados, a conclusão do ensino superior esteve associada a mais oportunidades de emprego e melhores salários.
O nível de escolaridade tem relação especialmente positiva com as taxas de emprego entre as mulheres brasileiras, segundo o relatório. 37% das que não tinham concluído ensino médio estavam empregadas em 2021, em comparação com 78% daquelas com nível superior. Em contraste, os números foram de 75% e 87% para os homens.
Essa relação, porém, não é tão direta segundo o empresário André Dratovsky, CEO e fundador da fintech educacional Elleve. Ele acredita que, no Brasil, as formações tradicionais, de longa duração, têm tido um papel cada vez menos relevantes na hora da contratação.
“Antigamente, se tinha uma carreira muito previsível. Hoje, o conhecimento é muito mais dinâmico: o que aprendemos em cinco anos, muitas vezes, se torna obsoleto. Precisamos atualizar sempre. E os cursos técnicos profissionalizantes são uma forma de se movimentar ou migrar dentro das carreiras.”
Segundo André, “os cursos de longa duração já não têm um papel tão relevante para o mercado e os empregadores de gerações anteriores. Por mais que sejam importantes, não necessariamente garantem emprego imediato ou num curto espaço de tempo.”
André ressalta que “os empregadores olham mais para o conhecimento e o que o funcionário realmente entrega do que para o selo ou diploma”.
A fintech criada por André utiliza um sistema que calcula o potencial de empregabilidade e geração de renda a partir de cursos de curta duração e “alto impacto” escolhidos por clientes, na maioria das vezes jovens e de baixa renda.
A startup impulsiona o estudante, financiando a formação escolhida com o chamado crédito estudantil, que tem baixa taxa de juros. Diversas instituições de ensino pequenas se aliam em parceria com a startup, criando um canal para o fomento de criação de empregos e renda ativa. Cada aluno, segundo André, permanece um ano após a conclusão do curso sendo acompanhado pela empresa.
A tendência de financiamento parece funcionar em relação à permanência. Segundo um levantamento realizado pelo IDados neste ano, a evasão escolar de alunos sem financiamento do setor privado é mais alta do que a observada no setor público. Para conseguir o custeio de um curso, há outras vias possíveis no Brasil. Uma delas é o Fundo Nacional de Financiamento Estudantil (Fies), vinculado a performance no Enem. (Terra)
Apesar de o mercado estar acompanhando a flexibilização, ainda há muito para avançar, defende André Dratovsky . “No Brasil a gente carrega uma herança cultural e um paradigma que sempre sustentaram a ideia de que é preciso passar por um curso de longa duração para conseguir uma ocupação”, afirma.
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