Em época de corrida eleitoral e escândalo que expôs um gabinete paralelo no Ministério da Educação comandado por pastores, levantamento do DataFolha mostrou que a maior parte dos brasileiros vai na contramão da militarização da Educação.
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Os dados, divulgados neste fim de semana mostram que 70% confiam mais em civis do que em militares na coordenação de uma escola. As entrevistas foram realizadas entre 8 e 15 março e a margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo.
Sem moralismo
Para 73% dos entrevistados, a educação sexual deve ser parte obrigatória do cronograma escolar de crianças e adolescentes. O tema voltou ao debate após virem a público recentes casos de assédio sexual, estupro de vulnerável e outras violências contra mulheres no país. A pesquisa também aponta que 90% acreditam que a discussão sobre abuso sexual entre os alunos pode ajudá-los na prevenção contra os delitos.
Desde 2017, em decorrência de pressão por parte de grupos conservadores, os termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” foram excluídos da base nacional curricular. Outros termos e expressões também foram modificados. Para a ala conservadora, que considera “ideologia de gênero”, a educação sexual, “a inocência das crianças têm que ser respeitada em sala de aula”.
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Não à educação domiciliar
Pauta do governo Bolsonaro, o direito dos pais tirarem manterem a educação dos filhos dentro de casa e não na escola foi rejeitado por 78,5% dos entrevistados pela pesquisa. Em março de 2021, o chamado “homeschooling” havia sido apresentado como a única prioridade de Bolsonaro no Congresso Nacional para a Educação, representando uma de suas maiores bandeiras políticas.
Política é mal vista
Apesar da abertura à temas de difícil penetração no campo conservadora, 53% disseram acreditar que professores devem evitar tocar em política em sala de aula. 73% dos entrevistados disseram nunca ter ouvido falar na Escola Sem Partido, grupo que exige o banimento de conteúdos político-partidários dentro da escola.