A popularização dos meios digitais e o uso das redes sociais como fontes de informação no Brasil ajudaram a alimentar a indústria das fake news. Em ano de eleições - e particularmente 2022, com disputas mais acirradas - aumentam as preocupações sobre o impacto que as notícias falsas, e compartilhamento delas, podem provocar na população cada vez mais digitalizada. Então, entenda como funciona a indústria das informações mentirosas e saiba como se proteger para não cair em armadilhas.
*Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2022 houve um aumento expressivo de jovens com 16 a 17 anos aptos a votar no país. O crescimento do eleitorado desta faixa, que tende a sser mais hiperconectado e consumir informações por meio de plataformas digitais, foi de mais de 50% em relação a quatro anos atrás, quando ocorreram as últimas eleições gerais.
Em balanço de todas as checagens de notícias feitas desde o começo da campanha eleitoral desde ano até o último dia 27, a Agência Aos Fatos encontrou ao menos 450 mil compartilhamentos dos conteúdos desinformativos. A agência também listou 6 principais tipos de mentiras usadas para atacar legitimidade do sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas.
As campanhas de informações enganosas costumam atacar três pontos principais durante eleições, de acordo com Gerardo de Icaza, diretor do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral (DECO) da Organização dos Estados Americanos (OEA):
O combate à máquina de fake news eleitorais não é um desafio novo para autoridades brasileiras e o do restante do mundo. Durante as eleições de 2014 no Brasil, mais de 10% do debate político foram gerados a partir de perfis falsos nas redes sociais, segundo dados da Faculdade Getúlio Vargas (FGV).
4 em cada 10 brasileiros afirmam receber notícias falsas todos os dias segundo levantamento do Instituto Poynter com apoio do Google. 43% confessam já ter repassado mentiras sem intenção. (Folha de S.Paulo)
Em 2018, as informações nas redes também foram decisivas para a disputa. Segundo pesquisa do Instituto DataSenado, cerca de 45% decidiram seu voto considerando o que viram em alguma rede. De acordo com o levantamento, 79% usaram o WhatsApp como uma de suas principais fontes de informação.
Outro caso bastante conhecido foi a eleição presidencial de Donald Trump, em 2016. No ano seguinte, em 2017, ficou comprovado que a circulação de informações falsas pelo Facebook tinha sido prejudicial para a campanha da candidata adversária.
As fake news “são notícias que buscam se alinhar com a ideologia de seus leitores, em detrimento da verdade dos fatos. Elas instigam um sentimento de pertencimento”, explica Lorena Tavares, coordenadora do Observatório Fake News da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo ela, “a checagem é ainda mais importante nas eleições, quando o bombardeio de informações é muito mais intenso“. (Estado de Minas)
O jornalista Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Projeto Comprova, concorda com o padrão. Segundo ele, os conteúdos manipulados normalmente “fazem com que a pessoa tenha uma reação emocional”. Sérgio acrescenta que as mensagens costumam estimular “uma reação imediata”, com incluindo pedidos de alerta como “compartilhe agora”. “A gente precisa desconfiar quando alguém pede para termos uma atitude sem pensar”, diz o jornalista ao UOL.
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