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Entre apoio de Biden e receio de céticos, Zelensky visita Washington em busca de mais armas

Publicado por
Agence France-Presse

Vestido com seu uniforme caqui habitual, Zelensky começou o dia no Congresso e continuou na Casa Branca, onde foi recebido pelo presidente americano com demonstrações de carinho e garantias de apoio.

“Estamos com vocês e continuaremos com vocês”, disse o democrata de 80 anos, que anunciou mais ajuda militar, mas sem os mísseis táticos de longo alcance pedidos por Kiev. No entanto, ele garantiu que a Ucrânia receberá na “próxima semana” os emblemáticos tanques Abrams americanos.

“Thank you”

Zelensky, por sua vez, repetiu incansavelmente “thank you” (obrigado, em inglês), especialmente pela ajuda anunciada nesta quinta-feira, que inclui equipamento de defesa antiaérea contra a Rússia.

“Eu assegurei ao presidente Biden que nós, na Ucrânia, não nos renderemos, e ele me assegurou que os Estados Unidos estarão conosco pelo tempo que for necessário”, disse ele em um discurso nesta quinta-feira à noite.

O presidente ucraniano também quis expressar sua gratidão ao Congresso, que atualmente está debatendo um novo pacote de ajuda para a Ucrânia, do qual alguns congressistas mais conservadores não querem ouvir falar.

Biden disse a ele que “não há alternativa” e que espera que o Congresso aja com “bom senso”.

Consciente do risco de cansaço de seu grande aliado americano, o presidente ucraniano advertiu de manhã os congressistas republicanos que seu país corria o risco de perder a guerra se deixasse de receber ajuda.

“O mundo livre”

“Eu enfatizei que uma vitória da Ucrânia garantiria que nem a Rússia, nem qualquer outra ditadura, possam desestabilizar novamente o mundo livre”, declarou Zelensky na rede social X, antigo Twitter.

“Para ganhar, temos que permanecer unidos”, insistiu.

Porém, no Capitólio, o líder ucraniano enfrentou um campo de batalha político e financeiro.

De um lado, está o Senado, de maioria democrata e onde a oposição republicana é favorável à ajuda à Ucrânia.

Do outro, está a Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos e onde diversos congressistas conservadores pedem o fim imediato da ajuda a Kiev.

Tudo isso em meio ao perigo, a partir de 1º de outubro, de uma paralisação orçamentária se ambos os partidos não chegarem a um acordo sobre uma lei de orçamento provisória.

Depois de Washington, Zelensky seguiu durante a noite para Ottawa, no Canadá, para uma visita não anunciada.

O presidente ucraniano se reunirá nesta sexta-feira com o primeiro-ministro Justin Trudeau e integrantes da grande comunidade ucraniana neste país. Também discursará no Parlamento.

“Prestar contas”

O clima mudou em Washington desde que Zelensky visitou a capital americana pela primeira vez em 21 de dezembro de 2022, meses após a invasão das tropas russas ao território ucraniano em fevereiro do mesmo ano.

O líder republicano da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, não esteve ao lado do presidente ucraniano em sua chegada ao Capitólio nesta quinta. Tarefa que coube ao lider dos conservadores no Senado, Mitch McConnell.

McCarthy, pressionado pela ala mais à direita de seu partido, disse na terça-feira que pedirá que Zelensky preste contas do dinheiro que já foi gasto.

Mas o republicano Michael McCaul, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara de Representantes, acredita que uma nova ajuda de 24 bilhões de dólares (R$ 118 bilhões) será aprovada.

A Casa Branca afirmou que Biden anunciará um novo pacote de ajuda ao país que inclui “defesa aérea para ajudar a Ucrânia”. Mas “decidiu que não entregará (mísseis) ATACMS, ainda que não tenha exluído tal possibilidade no futuro”.

O presidente americano também está consciente do perigo de perder impulso, à medida que a guerra vá se prolongando e vá se aproximando o inverno.

À noite, um ataque russo “massivo” contra várias localidades da Ucrânia causou três mortos em Kherson, no sul, e sete feridos em Kiev, a capital.

“A Rússia acredita que o mundo se cansará e vão deixar que ela destrua a Ucrânia sem consequências”, advertiu Biden, que aspira a um segundo mandato em 2024,na ONU na terça-feira.

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Agence France-Presse

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