Equipes de resgate detectam ruídos durante busca por submersível desaparecido

As equipes de resgate que procuram o submersível desaparecido com cinco pessoas a bordo perto dos destroços do Titanic detectaram "ruídos subaquáticos" na área de busca, anunciou nesta quarta-feira (21) a Guarda Costeira dos Estados Unidos, quando restam menos de 24 horas de oxigênio dentro do submarino.

Publicado por
Agence France-Presse

A comunicação com o submersível Titan, de 6,5 metros de comprimento, foi perdida no domingo, quase duas horas depois de iniciar a descida em direção aos vestígios do mítico transatlântico, que se encontram a quase 4.000 metros de profundidade, a cerca de 600 quilômetros de Terra Nova, no Atlântico Norte.

“Aviões canadenses P-3 detectaram ruídos subaquáticos na área de busca. Como resultado, as operações de um ROV (sigla em inglês para veículo operado de maneira remota) foram realocadas na tentativa de explorar a origem dos ruídos”, anunciou no Twitter o primeiro distrito da Guarda Costeira dos Estados Unidos.

As buscas com o ROV não apresentaram resultados até o momento, mas continuam, acrescentou a divisão marítima militar.

De acordo com a revista Rolling Stone, um avião canadense P-8 que participava nas buscas detectou “batidas na região a cada 30 minutos. Quatro horas depois, um sonar adicional foi ativado e as batidas ainda eram ouvidas”.

Além das batidas, “sinais acústicos adicionais foram ouvidos que ajudarão a direcionar os recursos de superfície, enquanto persiste a esperança de encontrar sobreviventes”, informou a CNN, que teve acesso a um documento interno do governo americano.

O anúncio da detecção de ruídos foi o sinal mais esperançoso da possibilidade de resgate das cinco pessoas a bordo do submersível Titan, da empresa americana OceanGate.

No Titan viajavam o bilionário britânico Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho, Suleman, o mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, e especialista nos destroços do Titanic, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions.

O custo da excursão é US$ 250.000 (aproximadamente R$ 1,2 milhão) por passageiro.

Barcos e aviões dirigem-se ao local para reforçar a grande operação de busca das  Guardas Costeiras dos Estados Unidos e do Canadá.

O Pentágono anunciou o envio de um terceiro avião C130 e três C-17, enquanto um robô submarino, enviado pelo Instituto Oceanográfico francês será incorporado às buscas durante a quarta-feira.

Operação complexa

“Trata-se de uma busca muito complexa e a equipe unificada está trabalhando sem descanso para pôr em andamento o quanto antes os recursos e conhecimentos disponíveis”, disse à imprensa o capitão da Guarda Costeira americana, Jamie Frederick.

As equipes de resgate calculam que os passageiros têm menos de um dia de oxigênio no submersível, com base na capacidade do submarino de armazenar até 96 horas de ar de emergência.

O ex-diretor de operações marítimas da OceanGate Expeditions, David Lochridge, demitido por ter questionado a segurança do Titan, mencionou em um processo judicial um “projeto experimental e não comprovado” do submersível.

Em uma postagem em sua conta no Instagram antes de viajar, britânico Harding, 58 anos, expressou orgulho em participar da missão.

“Devido ao pior inverno em Terra Nova em 40 anos, é provável que esta seja a primeira e única missão tripulada ao ‘Titanic’ em 2023”, escreveu.

Mike Reiss, roteirista de televisão americano que visitou os destroços do Titanic no mesmo submersível no ano passado, afirmou à BBC que a experiência foi desorientadora.

“A bússola parou de funcionar imediatamente e começou a girar, então tivemos que nos mover às cegas no fundo do oceano”, explicou.

“Conscientes do perigo”

Todos estavam cientes dos perigos da expedição, disse Reiss à BBC. “Você assina um documento antes de embarcar, e na primeira página a morte é mencionada três vezes”.

O “Titanic” afundou em sua viagem inaugural entre a cidade inglesa de Southampton e Nova York em 1912 após colidir com um iceberg. Das 2.224 pessoas a bordo, cerca de 1.500 morreram.

Os destroços do transatlântico, partido ao meio, foram descobertos em 1985. Desde então, a área tem sido visitada por caçadores de tesouros e turistas.

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Agence France-Presse

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