No último sábado (27), o governo da Sérvia anunciou a suspensão do festival LGBT EuroPride, com início previsto para o dia 17 de setembro, em Belgrado. "Não é possível gerenciar tudo", argumentou o presidente Aleksandar Vucic, apontando para a crise econômica e as tensões geopolíticas que atingem o país. O grupo de organizadores do evento pan-europeu discordou da decisão.
Sem recuar, os organizadores do evento “condenaram fortemente o cancelamento feito pelo presidente” e garantiram que a marcha deste ano está mantida na data prevista. A presidente da Associação de Organizadores do festival, Kristine Garina, confirmou a decisão, que recusa suspender, adiar ou deslocar o evento. Em um post no Twitter, o coordenador da EuroPride 2022 apontou que “o Estado não pode cancelar” a marcha. Para Marko Mihajlovic, a proibição do evento é inconstitucional.
A programação do EuroPride inclui, além da Parada do Orgulho LGBTQIA+, uma série de eventos entre os dias 12 e 18 de setembro. A EuroPride foi ocorreu pela primeira vez em 1992, sediada em Londres. Desde então, a mobilização pela comunidade LGBTQIA+ se consolida como um evento pan-europeu que ocorre uma vez ao ano, cada vez em uma cidade diferente do continente.
A “A EuroPride 2022 não será cancelada – nos vemos em Belgrado!”, afirmava uma nota de apoio publicada por um grupo de Defensores de Direitos Civis da Suécia. A Associação Europeia de Organizadores da EuroPride (EPOA) publicou um abaixo assinado na internet para “facilitar” uma marcha segura e mobilizar apoio para sua realização em Belgrado.
Terry Reintke, presidente do grupo LGBTI no Parlamento Europeu, publicou em seu Twitter um endosso aos organizadores da marcha, que vê como “sinal de esperança para pessoas de toda a Europa”.
“O Estado, nomeadamente a polícia, pode tentar proibir a marcha EuroPride, mas não pode cancelá-la. Esse tipo de decisão seria contra a Constituição. O Tribunal Constitucional já havia revogado decisões semelhantes em 2009, 2010, 2011 e 2012”, disseram os organizadores em reação ao presidente, acrescentando que continuam os preparativos para os eventos previstos.
O comunicado presidencial foi lançado após milhares de pessoas protestarem contra o evento no início de agosto. “Mantenha suas mãos longe das nossas crianças”, pediam os manifestantes, que caminharam nas ruas afirmando agir para “proteger a família”. Na primeira vez em que a Sérvia sediou a Parada LGBT, em 2010, houve uma série de confrontos entre policiais e manifestantes intolerantes a comunidade LGBTQIA+. (Reuters*)
Em 2017, Ana Brnabić foi nomeada ao cargo de primeira-ministra do país. Abertamente lésbica, é vista como uma figura que se sobressai ao conservadorismo sérvio. À época da decisão, ela foi a favor delevar a Parada LGBT europeia à Belgrado neste ano.
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