FHC pede voto “pró-democracia”, não cita Lula, mas faz críticas indiretas a Bolsonaro

Nesta quinta-feira (22), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tornou pública nota em que defende o voto "pró-democracia" para as eleições 2022. Nos últimos dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentava atrair o apoio do tucano para encorpar a tese do voto útil. FHC optou por não mencionar nomes em nota pública, mas deixou - nas entrelinhas - críticas veladas a Bolsonaro e concordância com pautas de Lula.

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João Caminoto

A nota de FHC não cita nem Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem Jair Bolsonaro (PL), mas traz uma crítica indireta ao atual presidente, candidato à reeleição, quando pede que os eleitores escolham quem “defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental”.

Esses temas são penosos ao candidato do PL, conhecido e criticado por declarações públicas contra vacina, ambientalistas, cotas e patrocínio cultural, entre outras demandas democráticas que a campanha do adversário petista tem abraçado.

Leia a nota pública de FHC na íntegra:

“Como é do conhecimento público, tenho idade avançada e, embora não apresente nenhum problema grave de saúde, já não tenho mais energia para participar ativamente do debate político pré-eleitoral. Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional.”

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Lula na corrida eleitoral

Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula tem reunido políticos de diferentes espectros para combater Bolsonaro, que aparece em segundo colocado nas intenções de voto. O argumento: derrotar o atual chefe do Executivo no primeiro turno das eleições.

Nesta segunda-feira (19), Lula reuniu oito ex-candidatos à Presidência ao seu redor em uma foto, todos fazendo o “L” de sua campanha.

Lula reage

Durante um evento em São Paulo , nesta quinta-feira (22), Lula disse desconhecer a nota oficial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas ao ser questionado por jornalistas sobre a posição do antigo adversário, o candidato disse agradecer “todo apoio que vier”.

“Todo apoio que vier, para a gente, nessa eleição logo é melhor para todo mundo. Agradeço às pessoas que estão demonstrando apoio agora. Quero que mais gente saiba o que está acontecendo no Brasil e espero que mais gente se defina porque a chapa Lula-Alckmin é efetivamente a chapa que pode recuperar esse País”, declarou o petista.

PSDB não endossou

O PSDB emitiu uma nota, após as declarações de Fernando Henrique Cardoso, reafirmando apoio oficial do partido à Simone Tebet (MDB) para o Planalto:

Nesta quarta-feira (21), um dos autores do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior anunciou apoio a Lula no 1° turno. (Estadão)

Esta não foi a única figura ligada ao PSDB que já veio a público defender o voto útil em Lula no primeiro turno “para que o País não viva sobressaltos” e passe a viver sem “ameaça de golpe”. Veja pessoas próximas a FHC que rejeitam a terceira via:

1. O ex-ministro dos Direitos Humanos e da Justiça José Gregori (UOL)
2. O ex-ministro das Relações Exteriores no governo Temer e da Justiça na gestão de FHC Aloysio Nunes Ferreira (Estadão)
3. O diretor geral da Fundação FHC, Sergio Fausto. Os apoios reforçam a estratégia de Lula de impulsionar o voto útil na reta final da campanha.

Com Estadão Conteúdo

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João Caminoto

Jornalista com mais de 30 anos de experiência, ocupei diversos cargos - desde repórter, passando por correspondente internacional até diretor de redação - em diversas casas, como o Estadão, Broadcast, Época, BBC, Veja e Folha. Me sinto privilegiado em ter abraçado essa profissão. Apaixonado pela minha família e pelo Corinthians.

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