“Monster” começa com as acusações feitas contra um professor por bullying, mas, pouco a pouco, conforme os pontos de vista se multiplicam, a história é elucidada.
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“Queria que o espectador fosse capaz de investigar, da mesma forma que os personagens fazem no filme”, e se perguntasse quem é o monstro, disse o diretor, de 60 anos, em entrevista à AFP.
“Prioridades” contra o bullying escolar
No final, os personagens de Kore-eda acabam ganhando em humanidade, mas o sistema educacional do Japão não tem uma boa imagem no filme.
“Quando uma instituição coloca a própria proteção acima de todas as suas prioridades (…) então ‘o que aconteceu realmente não é importante’”, disse, retomando uma das frases da diretora da escola no filme.
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“Não diz respeito apenas ao sistema educacional japonês. Acho que vale para a maioria das instituições coletivas, que tendem a se proteger, à custa de muitas outras coisas”, acrescentou.
“Monster” foi exibido um ano depois de “Broker – Uma Nova Chance”, filmado na Coreia do Sul e que também concorreu ao prêmio máximo em Cannes. Por este filme, o sul-coreano Song Kang-ho ganhou o prêmio de melhor interpretação masculina no festival francês.
Rompendo com seu costume, Kore-eda trabalha desta vez com um roteiro de Yuji Sakamoto, que apresenta a história de várias perspectivas, para “trazer à tona a humanidade dos personagens”.
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O roteiro, “extremamente brilhante”, segundo o cineasta, permite conhecer “um pouco mais a cada vez, mas sem, no fim das contas, ter uma visão totalmente clara do que está acontecendo”.
A trilha sonora do filme é um dos últimos trabalhos do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, vencedor do Oscar por “O Último Imperador”. O artista faleceu no fim de março, aos 71 anos, vítima de câncer.
Desde seu primeiro longa-metragem em 1995, Kore-eda dirigiu vários filmes aclamados pela crítica. A primeira vez que ele disputou a Palma de Ouro foi com “Tão distante” (2001), sobre um massacre cometido por uma seita apocalíptica.
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