Segundo o professor, ele atuava em um projeto interno da Unisinos voltado para o ensino da gastronomia para alunos com deficiências. Apesar do seu envolvimento, Gustavo conta que não foi incluído na peça que apresentava oficialmente os responsáveis pelo trabalho.
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A justificativa, segundo relata Gustavo, foi a de que sua foto de perfil era “escura demais” e, portanto, “inadequada”. Apenas seus colegas brancos que estavam envolvidos no projeto apareceram na apresentação.
Quem faz o ‘Projeto Prosperar’?
O advogado que assessora Gustavo, Rodrigo da Silva Vernes Pinto, contou ao Curto News que Gustavo havia iniciado o projeto em março desde ano. “Ele liderou e capitaneou todo o projeto. Em maio, solicitaram a ele uma foto para divulgação nas redes sociais do projeto. Inclusive, o nome do post era ‘Quem faz o Projeto Prosperar‘. Quando ele foi ver, só estavam como líderes os dois brancos, e ele não.”
Gustavo, que ensina gastronomia desde 2001, relatou que a foto rejeitada era a mesma usada em seu currículo Lattes e dentro da própria instituição:
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Denúncia de tratamento diferenciado e reações
Gustavo, então, denunciou o fato como “discriminação racial”. Segundo ele, inicialmente a coordenação do curso de gastronomia da Unisinos acolheu sua denúncia. Algum tempo depois, porém, a acusação de tratamento racista começou a “ser posta em xeque por pessoas brancas”, afirma Gustavo em relato feito no Instagram.
“Teve uma certa invisibilização do caso logo após a denúncia e o acolhimento inicial, uma tentativa de colocar panos quentes. Ele [Gustavo] sentiu, tendo em vista certas atitudes veladas da instituição, que poderia ter algum tipo de represália”, afirma Rodrigo da Silva Vernes Pinto.
O Curto News teve acesso à denúncia no Ministério Público do Trabalho:
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Questionamentos e assédio moral
Gustavo Correa conta que pediu afastamento do projeto, preferindo tocar tarefas em horários e espaços alternativos. A coordenação do curso acolheu seu pedido, mas, segundo o profissional, passou a tratá-lo de forma “totalmente” diferente a partir daí.
O professor afirma, ainda, que passou a sofrer diferentes formas de assédio moral dentro da instituição, conta o assessor jurídico. “Começaram a colocar em xeque as responsabilidades, a competência dele como professor. Houve algumas situações que colocaram em dúvida até mesmo a condução dele com os alunos, até que em um determinado momento deram um aviso prévio a ele e o desligaram”.
“Busquei recorrer internamente da decisão e a Unisinos negou ter havido motivação racista, mas reconheceu expressamente a incorreta condução da questão pela coordenação. O fato é que perdi o meu emprego enquanto o curso segue como antes“, desabafou Gustavo.
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Veja o relato completo do professor Gustavo Correa Pinto:
Nota de Esclarecimento da Unisinos
Procurada pela nossa reportagem, a Unisinos reafirmou o posicionamento divulgado por meio de nota em seu site. Leia a nota na íntegra 👇🏽
Nota de esclarecimento da Unisinos:
A Unisinos tem forte compromisso com a diversidade étnico-racial e a inclusão de todas as pessoas, sempre em linha com os valores e os ideais jesuítas, fundamentados no respeito à dignidade da pessoa humana e nos princípios cristãos e democráticos. Para fortalecer o combate ao racismo em todas as instâncias, a instituição criou, há mais de 10 anos, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi Unisinos), cuja atuação é reconhecida no estado Rio Grande do Sul e nacionalmente.
A Universidade não compactua com qualquer ato racista. Informa ainda que já foi instaurada apuração sobre a denúncia do ex-professor do curso de Gastronomia Gustavo Corrêa Pinto.
A Unisinos informa que o desligamento do professor Gustavo Correa Pinto não guarda qualquer relação com o episódio em apuração. A saída do docente fez parte de um processo recorrente de reestruturação a partir das demandas dos cursos, que resultou no desligamento de outros professores no mesmo período.
A Universidade reforçará o compromisso em combater todas as formas de racismo e preconceito e revisará as suas medidas internas.