Na véspera do funeral de Nahel, 17, o presidente Emmanuel Macron reforçou as medidas de segurança e apelou diretamente aos pais dos menores que participaram das três noites de protestos anteriores.
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O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, anunciou a mobilização de 45 mil agentes no país e autorizou a mobilização de unidades blindadas da gendarmaria, corpo militar que tem competências de segurança pública.
A noite, no entanto, voltou a trazer destruição, saques e lançamentos de projéteis contra as viaturas da polícia, que respondia com gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Por volta das 02h30 locais, o ministro anunciou que 471 pessoas haviam sido detidas, mas ressaltou que a violência era de menor intensidade, com algumas regiões bastante tranquilas.
A violência explodiu na última terça-feira, no subúrbio de Paris, e se espalhou pelo país após a morte de Nahel, atingido por um tiro à queima-roupa disparado por um policial durante uma blitz em Nanterre, a oeste da capital francesa.
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Ontem, dia de maior tensão, terminou com a detenção de 875 pessoas e 249 agentes feridos, assim como 492 prédios atacados e 2.000 veículos incendiados.
A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, disse que seriam estudadas “todas as opções”, entre elas o estado de emergência que a direita e a extrema direita pedem, mas optou por reforçar o número de agentes e mobilizar os blindados.
O presidente Macron, por sua vez, pediu “responsabilidade” a redes sociais como TikTok e Snapchat, a quem solicitou a remoção de conteúdo vinculado aos protestos e a identificação de usuários.
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‘Hordas selvagens’
O governo está sob pressão, entre a direita e a extrema direita, que pedem uma linha dura, e os que querem medidas de apaziguamento.
Dois sindicatos da polícia, entre eles o majoritário Alliance, pediram, em um duro comunicado, o “combate” às “hordas selvagens” que protagonizam os distúrbios e alertaram o governo que “vão entrar em resistência” assim que a crise for superada.
A oposição de esquerda condenou o comunicado, que qualificou de “ameaça de sedição” e de “chamado à guerra civil”.
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Sem se referir ao comunicado, o ministro do Interior pediu aos agentes para “respeitar as leis e a deontologia” e destacou que a “minoria de delinquentes [dos distúrbios] não representa a imensa maioria dos moradores dos bairros pobres”.
Em uma tentativa de apaziguar a situação, a seleção francesa de futebol, capitaneada pelo craque do PSG Kylian Mbappé, pediu em um comunicado que “o tempo da violência deve parar” e dar lugar a “maneiras pacíficas e construtivas de se expressar”.
Novos incidentes
Violência e atos de vandalismo foram registrados nesta noite, principalmente em Lyon e Marselha, segunda maior cidade da França, para onde o Ministério do Interior enviou reforços. Autoridades decretaram toque de recolher em três localidades da região de Paris e em várias outras do país.
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Os fatos relançaram o debate recorrente da violência policial na França, onde em 2022 treze pessoas morreram em circunstâncias similares às de Nahel, e sobre as forças de ordem, consideradas racistas por parte da população.
A ONU pediu às autoridades francesas que se ocupem seriamente dos “profundos” problemas de “racismo e discriminação racial” em suas forças de segurança, acusações que o Ministério das Relações Exteriores qualificou de “totalmente infundadas”.
Vários países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Noruega, alertaram seus cidadãos na França, pedindo que evitem as áreas de distúrbios e que aumentem as precauções.
O presidente do principal sindicato patronal do setor hoteleiro, Thierry Max, alertou para a onda de cancelamentos nas áreas afetadas pela violência.
No sábado será celebrado o enterro de Nahel, anunciou o prefeito de Nanterre, Patrick Jarry.
Mounia, a mãe da vítima, disse à rede France 5 que não culpava a Polícia, mas sim o agente que tirou a vida de seu filho.
A justiça decretou prisão preventiva por homicídio doloso para o policial de 38 anos autor do disparo, cujas “primeiras” e “últimas” palavras durante sua custódia policial foram “para pedir perdão à família” de Nahel, segundo seu advogado.