Funai: troca de diretores após peneira ideológica

Uma reportagem exclusiva da Agência Pública divulgou nesta, quinta-feira (28), uma planilha de Excel em que diretores da Funai foram carimbados como "a favor" e "contra" o governo. O documento, que expõe a gestão do atual presidente do órgão, Marcelo Xavier, foi feito por sua indicada para tomar conta de "nomeações e exonerações".

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João Caminoto

Pelo menos oito Coordenadores Regionais da Funai (Fundação Nacional do Índio) foram demitidos após terem sido classificados como “contra o governo” em uma planilha produzida por Adriana Ariadne Albuquerque Marques, então coordenadora do gabinete da Diretoria de Administração e Gestão. O fato foi revelado pela Agência Pública nesta manhã (28).

A reportagem cita, também, que a ex-servidora havia chamado o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira de “Débi e Lóide” em suas redes sociais logo depois da divulgação do desaparecimento dos dois no Vale do Javari. Dom e Bruno foram assassinados em junho, durante expedição na região amazônica.

Em julho de 2019, dois meses antes da criação da planilha, o delegado Marcelo Xavier assumia a presidência da Polícia Federal e nomeou Adriana como responsável por “nomeações e exonerações”. Desde o início de sua gestão, Xavier é criticado por relegar interesses indigenistas. Em 2017, ele fez parte da assessoria de parlamentares ruralistas e atuou contra a Funai na CPI que investigava o Incra.

No mês passado, um dossiê produzido pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) junto ao Indigenistas Associados (Ina) concluiu que a gestão do atual presidente da Funai fez com que o órgão virasse uma “Fundação Anti Indigenista”.

Houve ampla substituição de profissionais por pessoas sem experiência na política indígena. Hoje, das 39 Coordenações Regionais da Funai, apenas dois têm servidores como titulares, 17 policiais militares já foram nomeados, além de dois policiais federais.

No último dia 21, o presidente da PF retirou-se de um evento em Madrid, Espanha, após passar pelo constrangimento de ser vaiado e chamado de “miliciano” e “bandido” por Ricardo Rao, ex-funcionário da Funai. Rao e outros críticos da atuação do delegado acreditam que ele também foi responsável pelas mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira.

(Foto do topo: Valter Campanato/Agência Brasil)

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João Caminoto

Jornalista com mais de 30 anos de experiência, ocupei diversos cargos - desde repórter, passando por correspondente internacional até diretor de redação - em diversas casas, como o Estadão, Broadcast, Época, BBC, Veja e Folha. Me sinto privilegiado em ter abraçado essa profissão. Apaixonado pela minha família e pelo Corinthians.

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