A decisão foi acordada em uma videoconferência dos ministros da Economia dos sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Japão).
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“O limite [do preço do petróleo] será fixado em um nível baseado em uma série de dados técnicos e será decidido por toda a coalizão antes de sua aplicação”, informa o texto assinado pelo G7, assegurando que o preço decidido será então comunicado “publicamente de forma clara e transparente”.
As potências ocidentais intensificaram as ações contra Moscou desde que a Rússia invadiu a Ucrânia no final de fevereiro.
“Hoje, o G7 superou uma etapa essencial para realizar nosso duplo objetivo: pressionar pela redução dos preços mundiais da energia e privar [Vladimir] Putin de renda para financiar sua brutal guerra na Ucrânia”, comemorou a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen.
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Reação russa
Pouco antes da declaração do G7, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou que impor um teto ao preço do petróleo russo “levaria a uma desestabilização significativa do mercado”. Segundo o russo, com tamanha “interferência” no mercado petrolífero “os consumidores europeus e americanos serão os primeiros a pagar” as consequências.
Entenda o caso
“A Rússia está se beneficiando economicamente das incertezas da guerra nos mercados de energia”, disse o ministro da Economia alemão, Christian Lindner, a repórteres após a reunião. “Está obtendo enormes lucros com a exportação de commodities, como petróleo, e queremos nos opor definitivamente a isso”, acrescentou.
O G7 afirma que teto de preço do petróleo é projetado especificamente para reduzir os lucros da Rússia e sua capacidade de financiar sua “guerra agressiva”, limitando o impacto da guerra da Rússia no mundo, em particular nos “países de baixa renda”.
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De acordo com a decisão dos líderes, apenas Rússia passaria a vender seu petróleo a esses países a um preço inferior ao atual, mas ainda superior ao preço de produção, para que haja interesse econômico em continuar a vendê-lo e, assim, não cortar seus suprimentos.
O desafio é conseguir o maior número possível de países, já que o teto de preço só funcionará se os grandes compradores participarem, enfatizam os especialistas, principalmente China e Índia.
Com esse objetivo, o G7 “convida todos os países a opinarem sobre o conceito, e a implementarem essa importante medida” para criar “uma ampla coalizão” que maximize o efeito da medida.
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A cúpula do G20, a ser realizada em Bali nos dias 15 e 16 de novembro, será uma data crucial na tentativa de ampliar essa coalizão.
Os líderes dos países do G7, sob o impulso de Washington, já trabalhavam desde o final de junho para desenvolver mecanismos para implementar tais tetos, apoiados na proibição de seguradoras e resseguradoras de cobrirem o transporte marítimo de petróleo russo.
Tal mecanismo deve ter efeitos reais na economia russa, acredita Yellen.
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Este teto pode representar um novo golpe na economia russa, já “mergulhada em uma profunda recessão”, comemorou o ministro do Tesouro britânico, Nadhim Zahawi.
No entanto, a medida corre o risco de gerar efeitos colaterais na economia mundial, alerta o think tank Capital Economics.
O mecanismo “poderia elevar os preços mundiais da energia”, alertou em nota, embora enfatizando que “o teto também pode ser eficaz na redução da receita tributária do governo russo”.
Fonte: AFP