Jornalistas da AFP observaram estudantes reunidas em frente às universidades da capital, Cabul, cujos portões estavam trancados e protegidos por seguranças armados.
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“Estamos condenadas. Perdemos tudo”, disse uma delas, que pediu para não ser identificada.
“Não temos palavras para expressar nossos sentimentos”, explicou outra, Madina. “Eles tiraram nossa esperança. Enterraram nossos sonhos”, completou a estudante.
A decisão de banir as mulheres das universidades foi anunciada na noite de terça-feira (20) pelo ministro do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem.
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A maioria das adolescentes do país já havia sido banida do Ensino Médio, limitando significativamente suas opções de acesso às universidades.
O veto, porém, ainda não havia sido aplicado ao Ensino Superior e milhares de mulheres fizeram as provas do vestibular há menos de três meses.
No entanto, os centros de ensino precisaram adaptar-se, aplicando a segregação por sexo e permitindo apenas que mulheres ou homens idosos dessem aulas às alunas.
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Divergências
O líder supremo do Talibã, Hibatullah Akhundzada, e seu círculo próximo defendem uma interpretação ultrarrigorosa do Islã contra a educação moderna, especialmente para mulheres.
A posição diverge da adotada por alguns líderes em Cabul, e até mesmo entre suas bases, que esperavam que o novo regime tolerasse a educação feminina.
Pressão internacional
O Talibã também expulsou as mulheres de muitos empregos públicos, proibiu-as de viajar sem um parente do sexo masculino e as obrigou a usar burca ou hijab fora de casa.
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Em novembro, as autoridades proibiram o acesso delas a parques, feiras, academias e banheiros públicos.
A comunidade internacional, por sua vez, considera o direito à educação das mulheres uma condição fundamental nas negociações para a prestação de ajuda humanitária ao país e reconhecimento das novas autoridades.
“O Talibã não pode esperar ser um membro legítimo da comunidade internacional se não respeitar totalmente os direitos de todos no Afeganistão. Esta decisão terá consequências”, comentou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
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A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que o Talibã “decidiu destruir o futuro de seu próprio país” e informou que o G7 abordará a questão.
Durante os 20 anos que se passaram entre os dois regimes talibãs, as meninas frequentaram as escolas e as mulheres procuraram empregos em todos os setores, apesar de o país continuar socialmente conservador.
Nas últimas semanas, as autoridades também reintroduziram os açoitamentos e execuções públicas em uma aplicação extrema da lei islâmica, a sharia.
(com AFP)
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