O secretário-geral da ONU, António Guterres, "pede para os talibãs revogarem imediatamente a decisão" de proibir as mulheres afegãs de trabalharem para as Nações Unidas no país asiático, informou seu porta-voz em um comunicado nesta quarta-feira (5).
Essas mulheres “são essenciais” para as operações humanitárias da ONU, por isso a “aplicação dessa decisão vai afetar a população afegã”, que, em boa parte, depende dessa assistência”, acrescentou Stéphane Dujarric.
A ONU anunciou, na terça-feira (4), que o governo talibã proibiu as mulheres de trabalharem para a organização em todo o país. Segundo o coordenador de ajuda humanitária da ONU no Afeganistão, Ramiz Alakbarov, a proibição vai “contra a Carta das Nações Unidas” e “viola” os direitos da mulher.
Segundo a ONU, das 3.900 pessoas que trabalham para as Nações Unidas no Afeganistão, aproximadamente 600 são mulheres, sendo 400 afegãs. Ainda de acordo com o organismo, aproximadamente 23 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária no país, que vive uma das piores crises humanitárias do planeta.
“Na história das Nações Unidas, nenhum outro regime tentou proibir as mulheres de trabalharem para a organização pelo simples fato de serem mulheres”, declarou, por sua vez, a chefe da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Manua), Rosa Otounbaïeva.
Desde sua volta ao poder, em agosto de 2021, os talibãs impõem uma interpretação rigorosa do islã, como já haviam feito antes de serem expulsos do comando do país há duas décadas. Por isso, multiplicaram as medidas para cercear os direitos das mulheres, que foram proibidas de frequentares colégios e universidades.
Elas também foram excluídas de muitos empregos públicos ou recebem salários muito baixos. Não podem viajar sem a companhia de um familiar masculino e devem cobrir totalmente seus corpos quando estão em espaços públicos.
A medida que afetou a ONU já havia sido tomada contra as ONGs em 24 de dezembro de 2022.
(com AFP)
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