A atriz e ativista indígena Sacheen Littlefeather foi alvo de vaias durante o 45º Oscar, realizado em 1973, após ter sido enviada por Marlon Brando (1924-2004) para rejeitar, em seu nome, o prêmio de Melhor Ator pelo O Poderoso Chefão. O objetivo de Brando era, com isso, protestar contra a deturpação da imagem dos povos nativos americanos na indústria cinematográfica do país.
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“O abuso que você sofreu foi injustificado”, escreveu em uma carta a Littlefeather divulgada na segunda-feira (15/8) o ex-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, David Rubin. Ao Hollywood Reporter, a atriz afirmou que “nunca” havia pensado que “viveria para ver o dia em que ouviria” o pedido de desculpas pelos organizadores do evento, que, na época, haviam chamado sua participação de “a primeira declaração política” do evento até então.
Como um todo, a indústria do entretenimento recebeu mal sua fala, e sua carreira foi prejudicada após o evento. Notícias falsas de que Sacheen não era de origem indígena e que sua participação seria parte de uma fraude circularam em seguida. A cerimônia havia sido transmitida para 85 milhões de pessoas.
Após ler o discurso de protesto, Littlefeather teve que deixar o palco com dois seguranças, e algumas pessoas fizeram o “Tomahawk chop”, gesto ofensivo aos nativos americanos, em sua direção. A atriz ironiza: “Nós, indígenas, somos pessoas muito pacientes — foram apenas 50 anos [de espera]”. Ela explica que a fala espirituosa é parte do “nosso método de sobrevivência”.
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Em setembro, o Museu de Cinema da Academia irá realizar um evento (🇬🇧)para discutir o episódio em que Littlefaether foi ao Oscar em 1993 e debater o futuro da representação dos povos nativos americanos no cinema.