Academia de Hollywood pede desculpas à atriz indígena por tratamento abusivo no Oscar de 1973

Aos 26 anos, a atriz e ativista indígena Littlefeather foi hostilizada após aparecer no Oscar de 1973 em nome de Marlon Brando. Entenda o que aconteceu na cerimônia.

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João Caminoto

A atriz e ativista indígena Sacheen Littlefeather foi alvo de vaias durante o 45º Oscar, realizado em 1973, após ter sido enviada por Marlon Brando (1924-2004) para rejeitar, em seu nome, o prêmio de Melhor Ator pelo O Poderoso Chefão. O objetivo de Brando era, com isso, protestar contra a deturpação da imagem dos povos nativos americanos na indústria cinematográfica do país.

“O abuso que você sofreu foi injustificado”, escreveu em uma carta a Littlefeather divulgada na segunda-feira (15/8) o ex-presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, David Rubin. Ao Hollywood Reporter, a atriz afirmou que “nunca” havia pensado que “viveria para ver o dia em que ouviria” o pedido de desculpas pelos organizadores do evento, que, na época, haviam chamado sua participação de “a primeira declaração política” do evento até então.

Como um todo, a indústria do entretenimento recebeu mal sua fala, e sua carreira foi prejudicada após o evento. Notícias falsas de que Sacheen não era de origem indígena e que sua participação seria parte de uma fraude circularam em seguida. A cerimônia havia sido transmitida para 85 milhões de pessoas.

Sacheen Littlefeather, TV show “Reel Injun” (5 .08.10). Frederick M. Brown/Getty Images /AFP

Após ler o discurso de protesto, Littlefeather teve que deixar o palco com dois seguranças, e algumas pessoas fizeram o “Tomahawk chop”, gesto ofensivo aos nativos americanos, em sua direção. A atriz ironiza: “Nós, indígenas, somos pessoas muito pacientes — foram apenas 50 anos [de espera]”. Ela explica que a fala espirituosa é parte do “nosso método de sobrevivência”.

Em inglês: discurso de rejeição ao prêmio de Melhor Ator do Oscar, feito por Sacheen Littlefeather (1973)/ Youtube-Oscars

Em setembro, o Museu de Cinema da Academia irá realizar um evento (🇬🇧)para discutir o episódio em que Littlefaether foi ao Oscar em 1993 e debater o futuro da representação dos povos nativos americanos no cinema.

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João Caminoto

Jornalista com mais de 30 anos de experiência, ocupei diversos cargos - desde repórter, passando por correspondente internacional até diretor de redação - em diversas casas, como o Estadão, Broadcast, Época, BBC, Veja e Folha. Me sinto privilegiado em ter abraçado essa profissão. Apaixonado pela minha família e pelo Corinthians.

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