Ao menos oito pessoas morreram, e 10 ficaram feridas no domingo (7), depois que foram atropeladas por um veículo na cidade de Brownsville, Texas, na fronteira com o México, diante de um centro de ajuda de migrantes.
As forças de segurança informaram que, no momento, o incidente é tratado como acidente. Uma testemunha declarou à AFP, no entanto, que o motorista gritou insultos contra o grupo antes de acelerar o veículo.
“Recebemos uma ligação sobre uma SUV cinza que ultrapassou o sinal vermelho e atropelou várias pessoas. Confirmamos que sete pessoas morreram, e outras foram levadas para o hospital”, declarou à AFP Martin Sandoval, porta-voz da polícia de Brownsville, uma cidade no extremo-sul do estado.
Horas depois, a imprensa local informou que uma pessoa não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital, o que eleva para oito o número de vítimas fatais.
O policial disse que as pessoas aguardavam em um ponto de ônibus quando foram atropeladas.
“O motorista do veículo foi detido, está sob custódia, mas o levamos para o hospital porque teve diversos ferimentos”, afirmou o porta-voz.
O homem será processado por direção temerária, mas também pode receber outras acusações, segundo a polícia.
O governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu uma investigação sobre o atropelamento, que matou vários cidadãos do país.
“A Venezuela pede às autoridades americanas (…) para investigar de maneira profunda os fatos e esclarecer suas causas, com o objetivo de descartar quaisquer intenções relacionadas às práticas de ódio e xenofobia”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado, que não revela o número de migrantes do país mortos no atropelamento.
Em uma nota, o bispo de Brownsville, Daniel Flores, afirmou que as vítimas fatais eram “homens imigrantes da Venezuela” e pediu que a população “resista à tendência corrosiva de desvalorizar a vida dos imigrantes, dos pobres e dos vulneráveis”.
Luis Herrera, venezuelano de 36 anos que ficou com um braço ferido, disse à AFP que o acidente aconteceu “de repente”.
“Uma mulher passou de carro e nos avisou para sairmos do caminho”, disse. “Foi uma questão de segundos. O assassino veio com o carro, gesticulando para nós, insultando, dizendo coisas como ‘motherfucker’ (filho da puta), não sei, coisas assim que eu não entendo”, contou.
“Ele acelerou e passou raspando por mim”, acrescentou.
“Não estamos dizendo que é intencional. No momento, estamos tratando como um acidente, mas a intencionalidade é um fator que devemos considerar”, disse Sandoval.
O incidente ocorreu no momento em que o governo dos Estados Unidos se prepara para suspender uma medida conhecida como “Título 42”. Essa política foi adotada durante a pandemia da covid-19 e permitiu que agentes das patrulhas de fronteira deportassem ou rejeitassem a entrada dos migrantes sem sequer examinar os pedidos de asilo.
O fim da norma na próxima quinta-feira (11) provoca o temor, entre as autoridades, de um aumento do número de migrantes que entram ilegalmente no sul dos Estados Unidos.
O atropelamento aconteceu na frente do Centro Ozanam, um abrigo para desabrigados e migrantes muito ativo nas últimas semanas devido ao grande fluxo de migrantes que atravessam a fronteira pelo México, explicou Sandoval.
As vítimas estavam em um grupo de 25 pessoas que aguardavam em um ponto de ônibus, de acordo com o diretor-executivo do Centro Ozanam, Victor Maldonado.
Descrevendo uma cena aterrorizante, com partes de corpos ao longo da rua, Maldonado afirmou que o grupo era integrado apenas por venezuelanos, que haviam acabado de tomar café da manhã nas instalações.
O Centro Ozanam permanece aberto 24 horas, acrescentou Maldonado.
Segundo ele, o local recebe pessoas que migraram do Chile, Colômbia, Equador, China, Ucrânia e Venezuela.
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