Após os “ensurdecedores” alertas sobre as novas formas de inteligência artificial, evidenciados inclusive por seus próprios criadores, Guterres afirmou que “não deveriam nos distrair do dano que a tecnologia digital já causa ao nosso mundo”.
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“A proliferação do ódio e das mentiras online está causando graves danos a nível mundial atualmente”, criticou o chefe da ONU em coletiva de imprensa.
“Alimenta o conflito, a morte e a destruição. Ameaça a democracia e os direitos humanos”, insistiu, ao apresentar um resumo de políticas sobre o tema.
Guterres propôs a elaboração de um “código de conduta das Nações Unidas para a integridade da informação nas plataformas digitais”, que serviria como “referência” nessa área.
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Porque hoje, embora as redes sociais e outras ferramentas online tenham trazido muitos benefícios, “essas mesmas plataformas também revelaram um lado mais sombrio do ecossistema digital”, afirma na nota.
“A capacidade de disseminar desinformação em larga escala para distorcer fatos cientificamente estabelecidos representa um risco existencial para a humanidade”, enfatizou ao mencionar os riscos de violência, as informações falsas divulgadas durante a pandemia de covid-19 ou a propagação de teorias que negam a responsabilidade da humanidade nas mudanças climáticas.
“Esses riscos foram intensificados ainda mais devido aos avanços rápidos da tecnologia, como a inteligência artificial generativa”, que permite, por exemplo, criar deepfakes, fotos e vídeos falsos cada vez mais realistas.
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Nesse contexto, o Código de Conduta proposto consistiria em uma dezena de princípios, incluindo o compromisso de respeitar a integridade da informação e os direitos humanos, o apoio à mídia independente, uma maior transparência das redes (especialmente em relação a seus algoritmos conhecidos por amplificar informações falsas) e uma aceleração das medidas para combater essa desinformação por parte dos Estados e de todos os atores, respeitando a liberdade de expressão e o direito à informação.
O secretário-geral realizará consultas com governos, plataformas, cientistas e a sociedade civil para apresentar esse código na Cúpula do Futuro em 2024, disse ele.
“As plataformas digitais foram lançadas em um mundo que não estava suficientemente ciente dos danos potenciais que representavam para as sociedades e os indivíduos, e que não as havia avaliado adequadamente”.
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“Hoje, temos a oportunidade de garantir que a história não se repita com as tecnologias emergentes”, enfatizou Guterres.
Assim, ele se mostrou “favorável” à criação de uma agência especializada em inteligência artificial, “inspirada na Agência Internacional de Energia Atômica” (AIEA), e destacou que apenas os Estados membros poderiam decidir a respeito.
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