Lukashenko e Prigozhin não são aliados, alerta líder da oposição de Belarus

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, e o fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, não são aliados e podem trair um ao outro, afirmou à AFP a líder opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya.

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Agence France-Presse

“Não são aliados. Eles não podem confiar um no outro (…) A qualquer momento, Lukashenko pode trair Prigozhin. E Prigozhin pode trair Lukashenko”, declarou a ativista bielorrusso em entrevista à AFP.

Lukashenko afirmou na terça-feira que Prigozhin viajou a Belarus com base em um acordo mediado por ele para acabar com o motim do grupo Wagner, o maior desafio ao governo do presidente russo Vladimir Putin em mais de duas décadas.

Para Tikhanovskaya, a decisão de Lukashenko de ajudar Putin foi um casamento de conveniência para salvar o próprio governo em Belarus.

“Não agiu para salvar Putin, ou para salvar Prigozhin, ou para evitar a guerra civil na Rússia. Ele estava preocupado apenas com sua sobrevivência pessoal, porque Lukashenko que, se os poderes na Rússia estão lutando lutando, Lukashenko será o próximo”, disse.

Para a opositora, cujo marido está preso em Minsk, se Prigozhin e os combatentes do grupo Wagner se mudarem em massa para Belarus, esta situação pode ameaçar a Europa.

Esta presença “cria uma ameaça para a população de Belarus, em primeiro lugar, e para nossa independência”, disse.

Ameaça regional

“Além disso, sua presença pode criar ameaças à Ucrânia e também aos nossos vizinhos ocidentais”, acrescentou.

Tikhanovskaya criticou o fato de Lukashenko ser apresentado como um “pacificador” depois de sua suposta ajuda para solucionar a crise. E alertou que ele pode usar as tropas do grupo Wagner para reprimir ainda mais qualquer dissidência.

“Esta é a pessoa que trouxe estupradores e assassinos para nossa terra. O que estas pessoas farão em nosso país? Esta é a grande pergunta. Como se comportarão?”, questionou.

Tikhanovskaya também criticou a “falta de atenção” dos países ocidentais à situação em Belarus, já que o país está cada vez mais sob o domínio da Rússia depois que Putin apoiou Lukhashenko.

“Ainda estamos esperando uma resposta sobre a presença de armas nucleares em nosso território. Quando o mundo permanece em silêncio sobre um momento tão significativo, os ditadores percebem isto como fraqueza”, disse.

Para a opositora, a chegada do grupo Wagner a Belarus poderia dar um novo impulso a mais medidas restritivas da União Europeia (UE) contra o governo de Minsk.

“Agora, Lukashenko dá boas-vindas aos criminosos”, afirmou. “Novas sanções, por exemplo, podem ser impostas, sanções contra aqueles que permitiram que isto acontecesse”.

Tikhanovskaya disputou a presidência nas eleições de 2020 e denunciou um grande esquema de frauda contra sua candidatura e a favor de Lukashenko. Pouco depois, ela partiu para o exílio, primeiro na Polônia e depois na Lituânia.

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