*Esta reportagem foi atualizada às 18h55 de sexta-feira (14)
Lula está na China para estreitar os laços econômicos com o principal parceiro comercial do Brasil e afirma que o país “está de volta” ao cenário internacional, com a intenção de assumir um papel de mediador no conflito na Ucrânia.
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Lula foi recebido pelo presidente Xi em uma cerimônia com tapete vermelho diante do Grande Salão do Povo de Pequim, onde uma banda militar tocou os hinos nacionais do Brasil e da China. O presidente brasileiro compareceu a uma cerimônia no Monumento aos Heróis do Povo na Praça Tiananmen (Paz Celestial) e se reuniu com primeiro-ministro chinês, Li Qiang, antes da reunião com Xi.
Durante a primeira etapa da viagem, na quinta-feira em Xangai, Lula questionou o uso do dólar como moeda global, poucas semanas depois de seu governo estabelecer um acordo com Pequim para operações comerciais com o real e o yuan, sem a necessidade do câmbio na moeda americana. As falas de Lula geraram polêmica.
Nesta sexta (14), Lula e Xi Jinping assinaram15 acordos comerciais e de parceria. Os termos incluem acordos de cooperação espacial, em pesquisa e inovação, economia digital e combate à fome, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de comércio.
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Outros documentos assinados tratam de certificação eletrônica para produtos de origem animal e dos requisitos sanitários e de quarentena que devem ser seguidos por frigoríficos para exportação de carne do Brasil para a China. O Brasil é o maior fornecedor de carne bovina para o país asiático e 60% da produção brasileira são vendidos para a China.
Guerra na Uncrânia
Em conversas com uma série de ministros, além de temas bilaterais, os representantes dos dois países trataram do diálogo e negociação para encerrar a invasão da Ucrânia pela Rússia.
O tema, no entanto, acabou recebendo menção superficial na declaração conjunta divulgada cinco horas depois de encerrado o encontro.
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“O Brasil recebeu positivamente a proposta chinesa que oferece reflexões conducentes à busca de uma saída pacífica para a crise. A China recebeu positivamente os esforços do Brasil em prol da paz. As partes apelaram a que mais países desempenhem papel construtivo para a promoção da solução política da crise na Ucrânia. As partes decidiram manter os contatos sobre o assunto”, diz o comunicado.
A polêmica sobre Taiwan
A informação que tem gerado maior polêmica, vinda do encontro entre Lula e Xi Jinping, é a declaração que trata dos entendimentos diplomáticos entre os dois países, principalmente em relação a Taiwan. O Brasil reiterou aderir “firmemente ao princípio de uma só China”.
O que isso significa? Que, para o Brasil, o governo da “República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China, enquanto Taiwan é uma parte inseparável do território chinês”.
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A independência de Taiwan é uma questão crucial entre Estados Unidos e China: no início do mês, os norte-americanos iniciaram exercícios militares nas Filipinas dias após os chineses realizarem manobras militares no estreito de Taiwan.
Taiwan é uma ilha que, até agora, mantem um governo democrático e autônomo ao Partido Comunista Chinês. Os Estados Unidos têm interesse que assim continue, o que provoca a ira do governo chinês e é o principal foco de tensão entre as nações.
(Com informações da AFP e Agência Brasil)
Curto Curadoria:
- Governo Lula defende autoridade chinesa em Taiwan; saiba por que ilha gera tensão entre China e EUA (Estadão)🚥
- Por que clima bélico entre China e Taiwan deve ser o novo normal na Ásia (Folha de S.Paulo)🚥