O levantamento foi realizado pelo Instituto Avon e pelo Observatório de Oncologia, com base nas informações do DataSUS de 2015 a 2021. A queda do número de exames ainda é um reflexo da pandemia, diz Nina Melo, coordenadora do Observatório. “Ainda temos uma sobrecarga de demanda das pessoas que deixaram de fazer esse tipo de exame”, diz.
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As regiões do Brasil que tiveram menor cobertura foram o Norte e o Centro-Oeste. Entre 2020 e 2021, apenas 9% das pacientes nesta faixa etária fizeram o exame, taxa bem menor do que a média nacional. Já o Estado de São Paulo teve o maior número de procedimentos, correspondendo a 31% do total.
Em 2020, dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontaram que o câncer de mama já é o tipo mais diagnosticado da doença (24,5%) e responsável por 6,9% das mortes.
Espera por tratamento
Outro dado apontado pela pesquisa diz que mais de 60% de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama no País entre 2015 e 2021 começaram o tratamento depois do recomendado. O prazo máximo de espera no sistema público de saúde, determinado por lei, deve ser de 60 dias após a identificação da doença. Em 2020, o tempo médio desse intervalo chegou a 174 dias.
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Membro do Comitê Científico do Instituto Vencer O Câncer, o oncologista Abraão Dornellas classifica essa demora entre diagnóstico e tratamento como “inadmissível”. “É preciso entender que não adianta fazer diagnóstico precoce se não estabelecer um tratamento precoce.”
A oncologista Caroline Rocha, do Hospital A. C. Carmargo, diz que depois desse déficit de exames da pandemia, muitas mulheres já chegam com lesões palpáveis. “Após a demanda represada da pandemia, houve um aumento na procura de pacientes, mas muitas em estágio mais avançado da doença”, afirma.
(Estadão Conteúdo)