Dezenas de milhares de nacionalistas israelenses participam nesta quinta-feira (18) da "Marcha das Bandeiras" em Jerusalém, que comemora anualmente a ocupação em 1967 da parte oriental da cidade pelas tropas do Estado hebreu.
Essa manifestação ocorre em um contexto de forte tensão devido ao conflito entre Israel e as forças palestinas, que resultou em cerca de 200 mortos este ano, sendo 35 deles em uma guerra entre 9 e 13 de maio na Faixa de Gaza.
Os palestinos do leste da cidade fecharam as portas de seus estabelecimentos e estão proibidos de entrar pela porta de Damasco na Cidade Velha de Jerusalém, setor anexado por Israel, para dar passagem aos manifestantes.
Correspondentes da AFP viram alguns nacionalistas israelenses atacar jornalistas com garrafas e pedras, enquanto outros gritavam “morte aos árabes”. Pouco antes, viram jovens judeus cuspir em palestinos e agredir um deles.
Na Faixa de Gaza, milhares de pessoas se reuniram na fronteira, muitas delas com bandeiras palestinas, enquanto o exército israelense usava gás para dispersar aqueles que se aproximavam da barreira.
Uma fonte de segurança palestina afirmou que o Hamas, movimento islâmico palestino que governa Gaza, lançou um “foguete de aviso” ao mar.
A anexação da porção oriental de Jerusalém e da Cidade Velha nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.
Na quarta-feira, Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente palestino Mahmud Abbas, criticou a organização dessa marcha “provocadora”, que considera uma prova da “aprovação do governo israelense à opinião de extremistas judeus”.
O Hamas condenou “a campanha da ocupação sionista contra nosso povo palestino em Jerusalém ocupada”. Os manifestantes são “um perigo, batem nas portas das lojas e de nossas casas”, declarou Abu al Abed, de 72 anos.
Essa celebração ocorre “3.000 anos depois de ter sido fundada pelo rei Davi, 75 anos depois de ter sido refundada como capital do renascido Estado de Israel, e 56 anos depois de ter sido reunificada”, declarou nesta quinta o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
“Jerusalém é nossa para sempre”, afirmou aos jornalistas Itamar Ben Gvir, ministro de extrema-direita israelense, presente durante a marcha.
A manifestação, que tradicionalmente atravessa a Cidade Velha de Jerusalém, deve terminar no Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus, situado abaixo da Esplanada das Mesquitas, terceiro local sagrado do Islã.
A esplanada é construída sobre o Monte do Templo, o local mais sagrado para os judeus, que podem visitá-lo, mas não podem rezar.
Em 2021, e após semanas de violência em Jerusalém que deixaram dezenas de palestinos feridos, uma guerra que durou 11 dias eclodiu entre Hamas e Israel durante a marcha.
Já em 2022, 79 pessoas ficaram feridas em confrontos entre forças de segurança e palestinos.
Este ano, a polícia israelense disse ter enviado 2.500 agentes a Jerusalém para garantir a ordem pública.
Para Tom Nissani, israelense de 34 anos que defende as visitas dos peregrinos ao Monte do Templo, Jerusalém “é nossa capital, devemos mostrá-la, nos alegrarmos e brigar por ela”.
Em contraste, um grupo pacifista israelense distribuiu pela manhã flores aos comerciantes árabes da Cidade Velha, para apoiá-los e protestar contra o fechamento de seus negócios.
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