O anúncio estabelece o cenário incomum de dois ex-companheiros de chapa que se tornam adversários.
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Pence apresentou a documentação requerida para sua pré-candidatura à Comissão Federal Eleitoral e fará uma declaração por vídeo na quarta-feira, no dia de seu 64º aniversário, somando-se à lista de candidatos às primárias do Partido Republicano.
Este conservador evangélico e ferrenho opositor do aborto oficializará, assim, sua entrada na pré-campanha eleitoral durante um ato no estado de Iowa, que tradicionalmente abre a corrida pela nomeação presidencial republicana.
Em seguida, fará sua apresentação nacional em um evento transmitido pela TV.
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Durante o mandato de Trump (2017-21), Pence atuou como um vice-presidente leal que atraiu a direita religiosa e sempre esteve pronto a defender o então presidente de qualquer acusação.
Após anos de lealdade, ele se afastou de Trump quando uma multidão de apoiadores do então presidente invadiu o Capitólio (sede do Congresso americano), em Washington, em 6 de janeiro de 2021.
Nesse dia, Pence ignorou o pedido de Trump para bloquear a sessão, na qual o Congresso validaria a vitória eleitoral do democrata Joe Biden.
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Constantemente criticado por Trump após a vitória de Biden — e até chamado de “traidor” em uma conferência conservadora na Flórida —, Pence continuou a elogiar o magnata.
Isso finalmente mudou quando a enxurrada de falsas alegações de fraude eleitoral de Trump levou uma multidão a caminho do Capitólio a gritar que Pence deveria ser enforcado.
Desde os tumultos, Pence critica Trump por ter colocado sua família e outras pessoas em perigo naquele dia, enfatizando suas diferenças com o ex-presidente em vários temas, como a relação com o presidente russo, Vladimir Putin, e direito ao aborto.
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“Cristão, conservador, republicano”
Pence passou grande parte dos últimos dois anos visitando estados onde foram feitas as primeiras nomeações, como Iowa, Carolina do Sul e New Hampshire, para reforçar sua visão política de “cristão, conservador e republicano, nessa ordem”.
Sua entrada na arena eleitoral deve alterar muito uma disputa que tem três vias bem definidas: a de Trump como grande favorito, o de seu adversário mais próximo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, e o resto.
Pence moldou um perfil de republicano tradicional, preocupado com a responsabilidade fiscal e os valores familiares. Ele mostra que é capaz de aplicar as políticas de Trump sobre economia, imigração e muitas outras, mas sem dramatismo.
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Diferentemente de Trump, Pence não descarta cortar as ajudas sociais e se aliou à Ucrânia. É defensor da linha dura contra o aborto e é contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Embora sua visão seja popular entre os republicanos, alguns se perguntam se ele tem espaço em um partido que agora é mais centrado no populismo e na política cultural do que no conservadorismo tradicional.
Alguns eleitores dizem que, com sua decisão de defender a Constituição após as eleições vencidas por Biden, também têm outras opções de candidatos, como o cristão Tim Scott, que não é relacionado aos tempos de Trump.
“Damos crédito (a Pence) por certificar a eleição”, disse a estrategista republicana Sarah Longwell ao site Politico. No entanto, também lembrou que durante quatro anos avalizou Trump “quando atropelava a Presidência”.
Trumpistas irritados
DeSantis, por sua vez, aparece constantemente nas pesquisas quase 20 pontos à frente de Pence e espera disputar com Trump a ala à direita do partido.
Mas os resultados ruins de DeSantis nas pesquisas cara a cara abrem caminhos com Chris Christie anunciando sua pré-candidatura na terça, somando-se aos ex-governadores Asa Hutchinson e Nikki Haley, já na disputa.
Assim como Haley e DeSantis, Pence parece querer evitar conflitos com Trump com a esperança de cortejar seus apoiadores se as investigações penais contra o ex-presidente o tirarem da corrida eleitoral.
Em 2016, a esta altura das primárias, Trump aparecia em cinco pesquisas com apoio de apenas 1% a 4%.
“Os trumpistas estão irritados com ele [Pence]. Os ‘Trumpistas Jamais’, por sua vez, também estão por ter feito parte do governo anterior e por apoiar o promotor de uma insurreição”, disse o estrategista republicano Chip Felkel ao site Vox.
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