Mix viral: gripe, covid-19 e vírus sincicial devem circular juntos em 2023

O Diretor da Unidade de Biocontenção do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, destaca que crescimento das três doenças chegou a ocorrer nos EUA no final do ano passado e cenário pode se repetir no Hemisfério Sul em 2023.

Publicado por
Marcela Guimarães

Lembra do Flurona? Uma epidemia de Influeza (Flu) com o coronanvírus da covid-19, que atingiu em cheio as festas de Natal e Ano Novo de 2022? Saiu em todos os veículos de comunicação na época e pegou geral!

Pois bem, neste novo ano o Brasil não está livre de ver mais uma onda de vírus similares atacando simultaneamente.

No final do ano passado alguns países registraram um aumento no número de casos de uma terceira doença que se manifesta de maneira similar a covid-19 e gripe: o vírus sincicial respiratório (VSR). 

O alerta foi feito pelo diretor da Unidade de Biocontenção do Hospital Johns Hopkins, Brian Garibald.

Ele e outros especialistas especialistas lançaram um alerta para o aumento dos casos de VSR nos Estados Unidos e no Canadá, e para os riscos de uma convergência de três epidemias concomitantes.

Em novembro, o Fórum Econômico Mundial reforçou o assunto e publicou um artigo destacando os riscos da chamada “tripledemia.  

Múltiplos vírus com sintomas similares

O vírus sincicial é mais comum em crianças e bebês. Imagem: Unsplash

Mais comum em crianças, o VSR provoca sintomas parecidos com os de um resfriado, e atinge 1 a cada 56 bebês antes de completarem um ano, segundo dados de um estudo conduzido na Europa e publicado pelo periódico The Lancet.

Apesar de ser pouco agressivo na maioria dos casos, o VSR é capaz de causar complicações, especialmente em bebês e idosos, que têm o sistema imunológico mais frágil.  

Desde outubro do ano passado, Garibaldi acompanhou o aumento nos registros das três doenças no hospital de Baltimore, considerado um dos mais importantes dos Estados Unidos.  

O médico também destacou quais aprendizados da pandemia de Covid-19 podem servir de lição para 2023.  

“Nós tivemos uma temporada de vírus respiratórios realmente muito intensa, e foi ocorrendo em ondas. O que é particularmente complicado é tentar fazer o diagnóstico, porque os sintomas de RSV, gripe e Covid podem ser muito semelhantes. Pode ser realmente desafiador em um país que não tenha uma boa capacidade de testagem e monitoramento”, disse Garibaldi, em entrevista exclusiva à Agência Einstein. 

Dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) confirmaram o aumento na circulação dos três vírus simultaneamente nos Estados Unidos, mas, felizmente, o pior momento de cada doença não ocorreu ao mesmo tempo.  

No entanto, Garibaldi explica que é preciso investir em sistemas eficazes de testagem e vigilância de doenças respiratórias para evitar um cenário mais trágico em outros países.

Estar com esquema vacinal em dia é uma das formas de evitar internações e diminuir as chances de letalidade Imagem: Unsplash

Diagnóstico difícil

“O que é particularmente complicado é tentar fazer o diagnóstico, porque os sintomas de VSR, gripe e Covid podem ser muito semelhantes. Pode ser realmente desafiador em um país que não tenha uma boa capacidade de testagem e monitoramento”, diz o médico norte-americano.

“O problema que estamos vendo agora em muitos lugares nos EUA é um aumento na covid. Ainda assim, não é nada comparado ao que tivemos em janeiro passado, quando houve o grande surto de Omicron”, acrescenta, lembrando que o esquema vacinal também diminui a letalidade e casos graves.

acho que temos sinais de alerta de que teremos, também em outros países, a temporada de gripe mais cedo e um pouco mais agressiva, como a que vimos nos Estados Unidos. 

O especialista alerta para uma lição importante: a covid-19 claramente ainda não acabou. As atuais sublinhagens da ômicron que estão circulando são provavelmente as mais infecciosas de todos os tempos.  

Como os países ao redor do mundo poderiam se preparar para eventuais surtos como esse no futuro? Você acha que há espaço para reinstaurar o uso obrigatório de máscaras, por exemplo? 

“Espero que tenhamos aprendido a lição de que agora podemos dizer ‘Oi, há altos níveis de infecção em sua comunidade. Talvez seja hora de colocar em prática medidas para tentar reduzir o contágio e proteger os mais vulneráveis’, sabe? “.

Fonte: Agência Einstein

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Marcela Guimarães

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