No dia 8 de setembro o Museu do Ipiranga será reaberto, após 9 anos de portas fechadas para reforma. Entre as novidades, estão recursos de multimídia que possibilitam informações mais profundas sobre figuras controversas da história brasileira, como os Bandeirantes.
Depois de nove anos fechado, o Museu do Ipiranga será reaberto ao público na próxima quinta-feira (8) e traz uma série de novidades, entre elas recursos tecnológicos que vão ajudar o visitante a compreender momentos e figuras históricas do nosso país.
É o caso das estátuas dos bandeirantes Raposo Tavares e Fernão Dias – presentes no hall de entrada do museu – que contarão com recursos multimídia para abordar algumas das polêmicas que se criaram em torno dos personagens.
“Hoje essas figuras (bandeirantes) têm sido extremamente contestadas por vários setores da nossa sociedade”, diz o historiador Paulo Garcez Marins pesquisador da USP e um dos curadores atuais. segundo o historiador, houve uma preocupação na organização do museu para a abertura, com cuidado especial na hora de retratar algumas das obras.
“Transformamos todo esse espaço em uma área expositiva para podermos tratar com o público essa decoração que foi encomendada para o Centenário.”, explicou.
Na cidade de São Paulo, a estátua de Borba Gato foi incendiada como forma de protesto contra um passado de morte e escravização, explica o historiador Paulo Garcez Marins, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e um dos curadores do museu.
Na Europa e nos Estados Unidos essa onda de protestos contra estátuas de figuras históricas ligadas à escravidão ganhou mais força.
A exposição com figuras históricas passa pelo hall de entrada do prédio e pela escadaria de honra, onde estátuas de bandeirantes como Borba Gato estão expostas, e termina no Salão Nobre, onde estão diversas obras.
“Populações indígenas e populações negras são sempre representadas de maneiras subalternizadas, submissas. E sabemos que a história do Brasil é feita de embates, de confrontos, de lutas e disputas”, explica o historiador Paulo Garcez Mari.
“O conjunto de imagens retrata sempre corpos pacificados, não há combates aqui. Nos museus de história na Europa, ou na América mesmo, na Argentina, México e nos Estados Unidos, é comum haver cenas de batalhas, guerras, corpos e mortes, que mostram a construção desse território nacional a partir das disputas. Aqui, não há essa narrativa.”
Nesse sentido, o historiador define algumas das imagens presentes no Museu do Ipiranga como “muito complicadas”, o que teria motivado a contextualização.
“Nós tratamos dessas imagens nos núcleos de multimídia que estão nesse hall, no sentido de abordar historicamente a construção dessas figuras, desses personagens e entender que isso é uma história do Brasil. É muito importante que o público não entre aqui mais entendendo que essa é a narrativa da história brasileira, que era (retratada de forma) muito excludente e muito hierarquizadora. Mas é uma forma que hoje nós debatemos”, explica.
(Com Estadão Conteúdo)
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