“A Rússia acredita que o mundo vai se cansar e vai deixá-los destruir a Ucrânia sem consequências”, disse Joe Biden na tribuna da 78ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
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“Se deixarmos que a Ucrânia seja desmembrada, a independência das nações está garantida? A resposta é não”, afirmou o presidente americano, sob aplausos do presidente ucraniano e da sala.
Poucos minutos antes de Biden, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder do país que costumeiramente abre os debates de alto nível da AGNU, pediu “diálogo” para resolver o conflito na Ucrânia, que mostra a “nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os propósitos e princípios da Carta da ONU”.
“Não subestimamos as dificuldades para alcançar a paz. Mas nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo”, alertou Lula, antes de lembrar que é necessário “criar espaço para negociações”.
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Na quarta-feira (20), Lula tentará aparar as arestas em uma reunião com Zelensky, a quem acusou, em uma entrevista no ano passado, de ser “tão responsável quanto (o presidente russo Vladimir) Putin” pela guerra, além de ter-se recusado, como presidente, a fornecer armas para a Ucrânia, como fizeram outros países ocidentais.
Posteriormente, o presidente Lula suavizou seu discurso e se ofereceu para mediar o conflito.
“Fazer nossa palavra ser ouvida”
Zelenksy participa, pela primeira vez, deste fórum da ONU que reúne mais de 140 líderes de todo o mundo.
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“É muito importante que nossa palavra, nossas mensagens sejam ouvidas por nossos parceiros”, disse ele, na segunda-feira, durante visita a um hospital nova-iorquino onde se recuperam soldados ucranianos gravemente feridos no conflito contra a Rússia.
“A Ucrânia apresentará uma proposta concreta aos Estados-membros da ONU para reforçar o princípio de integridade territorial e melhorar a capacidade da ONU para impedir e parar uma agressão”, afirmou na rede social X (antigo Twitter).
A Ucrânia sempre encontrou na Assembleia Geral um grande apoio, com a aprovação de diversas resoluções, por ampla maioria, ante a impossibilidade de fazer o mesmo no Conselho de Segurança, devido ao veto da Rússia.
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Mas, em um mundo fragmentado e assolado por conflitos em várias partes do mundo, covid-19, as crises climática e migratória, a pobreza e a desigualdade, ou a inflação batem insistentemente às portas dos líderes mundiais, aos quais o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “determinação” e “espírito de Estado”, e não “jogos e bloqueios”, em um mundo cada vez mais “multipolar”.
“Triste retrato”
Para Guterres, a catástrofe na cidade líbia de Derna, onde milhares de pessoas morreram, devido às inundações, é um “triste retrato” de um mundo assombrado por injustiças e pela “incapacidade de enfrentar” as “crises existenciais” que vive o planeta.
Guterres pediu uma reforma das instituições multilaterais para que reflitam a relevância e a complexidade do século XXI.
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“O mundo mudou, nossas instituições, não”, disse ele.
“Não podemos abordar, eficazmente, os problemas tal como são, se as instituições não refletem o mundo como ele é”, acrescentou, após recordar a série de “crises existenciais” que o mundo atravessa: da crise climática às “tecnologias disruptivas”, como a Inteligência Artificial, ou as armas autônomas que operam sem controle humano.
Para este mundo “multipolar”, são necessárias “instituições multilaterais eficazes”, insistiu.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, defendeu que se priorizem os processos de paz nos conflitos na Ucrânia e na Palestina, o que permitiria ao mundo se concentrar na luta contra a crise climática. Nesse sentido, propôs políticas de troca da dívida, para os países em desenvolvimento, por ação climática.
Para muitos, isto poderia permitir-lhes se concentrarem na consecução dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que, até 2030, pretendem eliminar a pobreza, prover acesso à educação, à água potável, à energia limpa e uma boa saúde, além de lutar contra a mudança climática, ou alcançar sociedades em paz.
Esta 78ª Assembleia também entrará para a História pelas ausências. Além do presidente Putin, não estarão presentes os líderes de China, França e Reino Unido – todos membros permanentes do Conselho de Segurança -, além de outros dirigentes, como os do México e da Venezuela.
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