O relatório da Defesa não aponta qualquer fraude eleitoral e ainda reconhece que os boletins de urnas e os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são idênticos. Ou seja, não foram encontrados indícios de qualquer manipulação do processo eleitoral. O relatório - considerado uma auditoria das Forças Armadas - foi entregue ao presidente do TSE, Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (9) pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
Após a longa campanha de desinformação sobre as urnas eletrônicas e teorias bolsonaristas que levantavam suspeitas sobre manipulação das eleições que elegeram Lula (PT) presidente do Brasil, as Forças Armadas endossaram o que todos os demais órgãos já diziam: não houve fraude.
Em nota, o TSE agradeceu o envio do documento e destacou justamente que o trabalho dos militares não aponta qualquer fraude ocorrida na eleição:
“O TSE informa que recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência no processo eleitoral de 2022. As sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas. O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, lisura e total transparência da apuração e totalização dos votos”
Tribunal Superior Eleitoral
Mesmo sem encontrar qualquer indício de fraude, o relatório dos militares pede que seja feita uma investigação técnica sobre “eventuais riscos de segurança das urnas” e cita um suposto risco de que um “código malicioso” possa interferir no funcionamento dos aparelhos de votação
Nogueira sugere que seja criada uma comissão de técnicos da sociedade para fazer “investigação do funcionamento das urnas”. Mas esse trabalho já é feito durante o processo de preparação da eleição, com participação da própria Defesa. 😏
Apesar de ter 63 páginas, os apontamentos sobre a fiscalização do sistema eleitoral se restringem às primeiras 22 páginas. O restante é composto por referências utilizadas na elaboração.
O relatório é assinado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e por outros três militares: o capitão de fragata Marcus Rogers Cavalcante Andrade, o coronel aviador Wagner de Oliveira da Silva e o coronel Marcelo Nogueira de Souza – este último chefia a Equipe das Forças Armadas responsável pela fiscalização.
Nas poucas declarações que concedeu desde a derrota, Jair Bolsonaro insinuou que o dossiê dos militares poderia alterar o jogo: “Brevemente teremos as consequências do que está acontecendo”, afirmou ele, na última segunda-feira (7).
Na última terça-feira, 8, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que a legenda não iria contestar o resultado das eleições, mas que Bolsonaro poderia fazê-lo se tiver “algo real na mão”.
Foi Alexandre de Moraes – tão criticado por Bolsonaro – quem atendeu parte dos pedidos dos militares para fazer uma auditoria no processo eleitoral: foi realizado o teste de urnas com uso das digitais de eleitores para desbloquear a operação.
A urna modelo 2020 foi submetida à inspeção por peritos de universidades federais; o teste piloto com participação de eleitores foi realizado em seções eleitorais dos dois turnos de votação e os partidos puderam realizar a auditoria, respeitadas as regras eleitorais.
Outras instituições também fiscalizaram as eleições deste ano e atestaram a lisura do processo eleitoral, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Tribunal de Contas da União (TCU).
Com Estadão Conteúdo
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