O primeiro prêmio, de Medicina, será anunciado na segunda-feira (2) em Estocolmo, e o da Paz será revelado na sexta (6) em Oslo. Exceto se o Comitê do Nobel decidir ressaltar a gravidade da situação internacional sem atribuí-lo a ninguém.
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Uma prova da tensão: a Fundação Nobel voltou atrás recentemente em sua decisão de convidar os embaixadores da Rússia e de Belarus à cerimônia de premiação em Estocolmo em dezembro, após uma onda de indignação provocada pelo anúncio.
“Em muitos sentidos, seria apropriado que o comitê não entregasse nenhum prêmio este ano”, declarou à AFP o professor sueco de Relações Internacionais Peter Wallensteen. “Seria uma boa maneira de destacar a gravidade da situação mundial”, insistiu.
A última vez que os cinco membros do Comitê deixaram a posição vaga aconteceu em 1972, em plena guerra do Vietnã. Porém, não encontrar um laureado entre as 351 candidaturas recebidas este ano seria considerado um fracasso.
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“É muito difícil imaginar um cenário como esse”, explicou o secretário do Comitê do Nobel, Olav Njølstad, à AFP.
“Não diria que é impossível, [mas] o mundo realmente necessita de algo que indique uma direção correta. É muito necessário que o Prêmio Nobel da Paz seja concedido também neste ano”, afirmou.
A luta das mulheres iranianas?
Quem poderia ser um candidato para o aguardado prêmio?
Alguns analistas indicam as mulheres iranianas, protagonistas de uma onda de manifestações após a morte da jovem Mahsa Amini, detida por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica.
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As ativistas Masih Alinejad e Narges Mohammadi ou a Aliança para a Democracia e a Liberdade no Irã são consideradas potenciais laureadas.
Outros candidatos possíveis seriam as organizações que investigam os crimes de guerra cometidos na Ucrânia e o próprio Tribunal Penal Internacional.
Especialistas não descartam os ativistas que lutam para mitigar as consequências da mudança climática, após um ano marcado por condições extremas e o verão mais quente já registrado.
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“Acredito que a mudança climática seria uma escolha excelente para o Prêmio Nobel da Paz este ano”, considerou o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), Dan Smith.
Ele mencionou, entre outros, o movimento ‘Fridays For Future’, impulsionado pela ativista sueca Greta Thunberg, e o cacique Raoni Metuktire, símbolo da luta contra o desmatamento e a favor dos direitos indígenas no Brasil.
No ano passado, o prêmio foi concedido em conjunto à ONG russa Memorial – dissolvida pela Justiça russa -, ao ucraniano Centro de Liberdades Civis e ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski.
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“Refletir a época”
Em relação ao Prêmio Nobel de Literatura, os nomes que circulam incluem a autora e crítica russa Lyudmila Ulitskaya, a escritora chinesa Can Xue, o britânico Salman Rushdie, a autora americana-caribenha Jamaica Kincaid e o dramaturgo norueguês Jon Fosse.
Os críticos esperam que a Academia confirme sua promessa de apostar na diversidade após o escândalo #MeToo, que sacudiu a instituição sueca em 2018.
No ano passado, a Academia premiou a escritora feminista francesa Annie Ernaux. Foi a 17ª mulher a receber o prêmio desde 1901, quando foi concedido pela primeira vez.
Desde o escândalo, a instituição premiou três mulheres (Ernaux, a poeta americana Louise Gluck e a escritora polonesa Olga Tokarczuk) e dois homens (o austríaco Peter Handke e o tanzaniano Abdulrazak Gurnah).
“Nos últimos anos, houve uma maior consciência sobre o fato de que não podemos permanecer em uma perspectiva eurocêntrica, é necessário mais igualdade e que o prêmio deve refletir a época”, disse à AFP Carin Franzen, professora de Literatura da Universidade de Estocolmo.
A promessa de aumentar a diversidade não foi totalmente atendida, já que é preciso voltar a 2012, com o escritor chinês Mo Yan, para encontrar um premiado que não seja europeu ou americano.
A temporada do Nobel começará com os prêmios científicos (Medicina, Física e Química) e terminará na segunda-feira, 9 de outubro, com o de Economia, o único que não foi criado pelo sueco Alfred Nobel (1833-1896).
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