Nova Délhi anunciou nesta quinta-feira (21) que pediu a redução do número de diplomatas canadenses na Índia e deixou "temporariamente" de analisar as solicitações de vistos do Canadá, em meio a uma crise diplomática entre os dois países após o assassinato de um líder sikh perto de Vancouver.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu na terça-feira (19) que a Índia trate com “grande seriedade” as acusações de que agentes indianos participaram do assassinato de Hardeep Singh Nijjar, um ativista sikh que era cidadão canadense e foi assassinado na região de Vancouver (oeste) em junho.
A Índia chamou as acusações de “absurdas” e negou “qualquer ato de violência no Canadá”.
As relações entre os países passam por uma crise, e os dois lados anunciaram, esta semana, expulsões de diplomatas.
“Informamos ao governo canadense que deve haver paridade na presença diplomática”, declarou nesta quinta-feira o porta-voz do Ministério indiano das Relações Exteriores, Arindam Bagchi, em uma conferência de imprensa.
“Se o número é muito mais alto que o nosso no Canadá (…) suponho que haverá uma redução”, acrescentou.
Nova Délhi também informou que parou de analisar pedidos de vistos do Canadá, citando “ameaças à segurança” que, segundo disse, estavam “perturbando” o trabalho de seus funcionários.
“No momento, devido à situação da segurança no Canadá e à omissão do governo canadense, interrompemos temporariamente os serviços de vistos”, declarou Bagchi.
Pouco antes, o Canadá anunciou que “diante do atual contexto de tensões exacerbadas”, vai adotar medidas para “garantir a segurança” de seus diplomatas, depois que vários funcionários receberam ameaças nas redes sociais.
“Decidimos ajustar temporariamente a presença dos nossos funcionários na Índia”, afirmou a delegação canadense.
O Canadá não especificou quantos diplomatas serão afetados, mas afirmou que seus escritórios permanecem “abertos” e “operacionais”.
Hardeep Singh Nijjar foi assassinato a tiros por dois homens encapuzados do lado de fora de um templo sikh em Surrey, na região de Vancouver.
Ativista favorável à criação de um Estado sikh na região do Punjab, ele era procurado pelas autoridades indianas por acusações de “terrorismo” e de “conspiração para cometer assassinatos”.
Nijjar negava as acusações, segundo a Organização Mundial de Sikhs do Canadá, uma ONG que representa este grupo religioso.
Desde o assassinato, manifestações foram registradas no Canadá. Com a crise diplomática, Ottawa anunciou a suspensão das negociações para um acordo de livre-comércio com a Índia.
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