O que você deve saber sobre o caso dos ‘Coaches da pegação’?

Nos últimos dias, um grupo chamado 'Millionaire Social Club' chamou atenção após realizar uma festa em uma mansão de São Paulo. O grupo está sendo investigado pela Polícia Civil do estado que foi acionada por mulheres que se dizem enganadas e que tiveram suas imagens expostas sem consentimento, envolvendo um "curso de pegação". Vem entender o caso.

Publicado por
Gabriela Gonçalves

O clube é composto por “coaches de namoro” e seus criadores estão sendo investigados pela Polícia Civil de São Paulo por exploração sexual.

Uma mulher de 27 anos fez um Boletim de Ocorrência contra o evento: ela contou que foi convidada para a festa por um homem que conheceu em um aplicativo de relacionamentos, mas foi surpreendida por câmeras espalhadas por todo local, filmando as convidadas de maneira duvidosa.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), em nota, “No local, havia homens estrangeiros que tiraram fotos e vídeos dela para promover um curso sobre relacionamentos”.

“A ocorrência foi registrada como favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual e agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual. As investigações seguirão pelo 34º Distrito Policial (Morumbi), responsável pela área dos fatos”, disse a SSP em nota.

O caso repercutiu nas redes sociais e choveram denúncias sobre um crime bem comum em países em desenvolvimento: o turismo sexual. O ‘Millionaire Social Club’ (MSC) se manifestou sobre o caso nas redes e afirmou que a festa era composta por pessoas “maiores de idade” e que as reclamações eram de “feministas com raiva”.

“É meio triste que uma coisa positiva tenha sido negativa pela mídia. Fizemos esforços para tornar a festa o mais segura e bem coordenada possível. Contratamos segurança brasileiro, contratamos vários funcionários no local, 8 pessoas para churrasco e até assistentes para ajudar no transporte. Entendemos que somos estrangeiros e entendemos que estamos no país de outra pessoa. Tomamos todas as medidas para respeitar a cultura local e garantir a segurança de todos com quem interagimos”, disse o MSC em nota.

A publicação foi apagada.

O caso está sendo investigado como “favorecimento de prostituição” ou outra forma de “exploração sexual”, que inclui agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual.

Que curso é esse?

A MSC vende cursos que variam entre R$21 mil a R$264 mil. Durante as ‘aulas’, os tutores ensinam “experienciar a vida, o namoro e conhecer mulheres” com base nas “experiências combinadas de 50 mil mulheres de 40 países diferentes”.

O grupo também promete ensinar “a confiança necessária” para “falar com mulheres em qualquer lugar, a qualquer momento”, “converter encontros para o quarto no mesmo dia” e também “se aproximar de homens bem sucedidos em todo o mundo”.

Quem está por trás disso?

Os autodenominados “mestres da arte de namorar” usam os nomes fictícios de Mike Pickupalpha e David Bond. A dupla afirma viver nos Estados Unidos e se definem como “coachs de namoro” e “playboy internacional”, respectivamente. A dupla já levou os “alunos” para aprenderem a ficar com mulheres de países como Colômbia, Chile, Costa Rica e Filipinas.

“A maioria dos conselhos de namoro são baseados em um único país, única cultura e único idioma – nós vamos revelar o que funciona em todos os lugares”, diz o anúncio do site. Com essa promessa, o grupo do MSC com mais de dez “alunos” chegou a São Paulo para o que disseram ser “o maior programa até aqui”, entre 14 e 28 de fevereiro.

“Tudo (no Brasil) é exótico, das mulheres às praias e aos festivais”, diz o trecho de um vídeo. Em outro, Pickupalpha diz que “a principal razão para terem escolhido São Paulo é ‘a vida noturna'” e segue dando dicas de cinco lugares “que oferecem as mulheres mais bonitas” da cidade.

Apagão geral

Na segunda-feira (20), a dupla de americanos realizou uma “limpa” nas redes sociais do curso. No YouTube, o Millionaire Social Club tem apenas três vídeos. O site está sem nada, e agora é apenas uma tela preta. O Instagram não existe mais e o TikTok é privado.

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Gabriela Gonçalves

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