O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou nesta quarta-feira (24) os insultos racistas proferidos contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior (Real Madrid) durante uma partida na Espanha e pediu esforços conjuntos para erradicar esse flagelo do esporte.
“Fazemos um apelo a todos estes eventos esportivos do mundo para enfrentar, combater e prevenir o racismo”, declarou Turk, em entrevista coletiva em Genebra, antes de destacar que osnovo incidente é um “lembrete brutal da prevalência do racismo no esporte” .
No domingo (21), o atacante do Real Madrid, de 22 anos, foi alvo de insultos, inclusive racistas, durante a derrota de sua equipe por 1 a 0 para o Valencia.
O incidente provocou um grande impacto na Espanha, onde os casos de racismo são registrados há várias décadas nos estádios, sem resultar em verdadeiras sanções penais.
Neste caso em específico, Turk saudou, no entanto, “uma reação muito forte das autoridades”, destacando que “começaram a prender pessoas muito rapidamente na sequência”.
“Uma investigação deve acontecer. Este é um assunto que vai preocupar a Justiça”, acrescentou.
Para a principal autoridade dos direitos humanos da ONU, “os que organizam eventos esportivos levam a questão muito a sério”.
Embora reconheça os inúmeros aspectos positivos do esporte, Turk afirma que também é preciso “lidar com o lado sombrio”.
O alto comissário pediu a seus serviços para preparar um relatório de orientação sobre a questão do racismo no esporte.
“Queremos propor um certo número de ideias claras sobre as normas relativas aos direitos humanos em eventos esportivos”, insistiu, citando os problemas de participação, de inclusão e da “luta contra a estigmatização e o racismo”.
“Constatamos uma discriminação em um amplo leque de questões, incluindo discriminação de gênero e discriminação contra pessoas LGBTI que também participam de eventos esportivos”, disse Turk.
É preciso que fique absolutamente claro – frisou – que “o racismo é completamente inaceitável” e, nesse sentido, pediu a todos que façam um exame de consciência.
“Será que eu tenho um preconceito? (…) Como eu reajo quando vejo outra pessoa lançando um insulto racista? (…) Eu me acomodo, eu respondo a isso?”, questionou.
“Temos que encontrar maneiras de erradicá-lo completamente no século XXI. Isso exige que todos enfrentem (o problema)”, completou.
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