Uma pesquisa inédita apontou que o consumo de cigarros eletrônicos entre estudantes de medicina e jovens médicos é três vezes maior do que o estimado para a população de jovens adultos. A grande maioria deles ignora os riscos para a saúde e nem sequer sabem que esses equipamentos são proibidos no Brasil.
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Foram avaliados 7.528 alunos e residentes no Brasil, Estados Unidos e na Índia, que são os países com mais cursos de medicina no planeta. A pesquisa foi conduzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein com contribuição de várias universidades do Brasil e do Mundo e foi apresentado em Barcelona, no congresso “European Respiratory Socity”.
Quem usa mais?
- Brasil cerca de 20% dos estudantes e recém-formados são usuários frequentes – contra 7% do estimado entre jovens adultos brasileiros
- Nos Estados Unidos são 10% de usuários
- Na Índia, o número não chega a 1%, já que cerca de 70% dos pesquisados nicotina e metade usa o fumo com sabor e 20% usam cigarros eletrônicos contendo derivados da cannabi
Mal desconhecido
Cerca de 36% dos jovens acham que o vape é menos invasivo que o cigarro comum, e desconhecem os prejuízos do fumo de eletrônicos.
Uma das líderes do projeto desenvolvido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, a pneumologista Luiza Helena Degani Costa, diz que “O cigarro eletrônico não é nada inofensivo” e que “já existem vários estudos que indicam que eles causam as mesmas doenças que o comum, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar). Mesmo para usuários passivos, há aumento do risco de desenvolver asma.
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“O uso dos cigarros eletrônicos também aumenta o risco de lesão aguda no pulmão e danos cardiovasculares no longo prazo. E, agora, estamos constatando maior chance de tumores também”, explica Luiza.
Falta de informação
Mesmo sendo a geração com mais acesso à informação a pesquisa apontou que os jovens se informam mais pelas redes sociais e colegas do que por artigos científicos, menos da metade dos jovens médicos assistiram alguma palestra sobre o tema na universidade.
“Temos a responsabilidade de tratar do assunto nas faculdades, já que que estes jovens e futuros médicos serão os responsáveis pelo cuidado da população e pela elaboração de políticas públicas. Mas também temos que discutir o tema precocemente nas escolas, pois muitos alunos começam a usar estes dispositivos antes mesmo de entrar na faculdade”. Segundo os resultados, no caso do vape, a iniciação ocorre em média por volta dos 20 anos.
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Referência mundial x risco de retrocesso
O Brasil é considerado um modelo mundial no combate ao tabagismo. Foi o único país que seguiu todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), incluindo educação, proibição do consumo e taxação. Graças a essas medidas, a taxa de fumantes brasileiros despencou cerca de 70% nas últimas três décadas e é praticamente a metade da americana, que só caiu 30% no mesmo período. Por aqui, apenas 11% dos homens e 7% mulheres fumam.
(Com Agência Einstein)
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