Há indícios suficientes para submeter Joe Biden a um processo de impeachment? Os republicanos pensam que sim e, nesta quinta-feira (28), vão abrir uma investigação por suposta "corrupção" contra o presidente americano, o que os democratas consideram uma loucura.
Com maioria na Câmara de Representantes desde janeiro, membros da ala mais conservadora do Partido Republicano acusam o líder democrata de ter “mentido” para o povo americano sobre os negócios de seu filho Hunter Biden no exterior.
Essa investigação quase não tem chances de sucesso, mas pode se tornar uma dor de cabeça para a Casa Branca antes da eleição presidencial de 2024, nas quais Biden concorre e poderá ter seu antecessor imediato, o republicano Donald Trump, como rival.
O chefe do comitê investigativo da Câmara, James Comer, afirma ter encontrado “uma quantidade esmagadora de provas que demonstram que o presidente Joe Biden abusou de seu cargo público para beneficiar financeiramente sua família”.
“Com base nas evidências, o Congresso tem o dever de abrir uma investigação de impeachment sobre a corrupção do presidente Biden”, justificou, em um comunicado.
A primeira audiência parlamentar desta investigação está marcada para as 10h (11h no horário de Brasília).
“É uma loucura”, disse o porta-voz da Casa Branca Ian Sams, que acusa os republicanos de realizarem a audiência nesta quinta-feira para desviar a atenção da crise, para a qual o país caminha, devido à incapacidade do Congresso de aprovar um orçamento.
Hunter Biden, filho mais novo do presidente e ex-empresário de 53 anos, tornou-se o principal alvo dos republicanos.
Os congressistas acusam-no de ter realizado negócios duvidosos na Ucrânia e na China, enquanto Joe Biden era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), aproveitando-se do nome e dos contatos do pai.
A Constituição dos Estados Unidos afirma que o Congresso pode destituir o presidente por traição, corrupção e outros crimes graves.
O procedimento ocorre em duas etapas. Depois de realizada uma investigação, a Câmara de Representantes vota, por maioria simples, os artigos da acusação que detalham os fatos contra o presidente: é o que se conhece como julgamento político, ou “impeachment”.
Caso proceda a acusação, o Senado, a câmara alta do Congresso, julga o presidente. Se chegar a esta fase, é muito provável que Biden seja absolvido, porque seu partido tem maioria nesta câmara.
O presidente, de 80 anos, sempre apoiou publicamente o filho, que tem um passado de dependências e se encontra envolvido em problemas jurídicos, acusado de porte ilegal de arma de fogo.
“Acordo todos os dias (…) sem pensar muito no impeachment. Tenho um trabalho a fazer. Tenho que lidar com os problemas que afetam o povo americano todos os dias”, disse ele em setembro.
A ala trumpista do Partido Republicano pede, há meses, a abertura de um processo de impeachment contra Biden.
Este grupo tem grande influência no partido, a tal ponto que, em janeiro, obrigou o presidente da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, a fazer concessões para ser eleito no cargo.
Nenhum presidente sofreu impeachment na história dos Estados Unidos.
Vários foram, no entanto, submetidos a julgamento: Andrew Johnson, em 1868; Bill Clinton, em 1998; e Donald Trump, em 2019 e 2021. Todos foram absolvidos. Richard Nixon preferiu renunciar em 1974 para evitar um possível impeachment pelo Congresso pelo escândalo Watergate.
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