A visita do presidente da China, Xi Jinping, à Rússia foi destaque os últimos dias e provocou desconforto em autoridades do Ocidente e debates nas relações internacionais globais. Você tem ideia da importância desta relação, que não vem sendo construída agora? Venha entender essa "parceria estratégica".
O Curto News conversou com Camila Amigo, Analista Internacional do Conselho Brasil-China (CEBC), que explicou como a relação entre Rússia e China foi sendo construída e se estreitando nos últimos anos.
Em 2001, os dois países assinaram o Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amigável, isso serviu como base para o relacionamento bilateral no século XXI.
Em 2011, as nações estabeleceram uma “parceria estratégia abrangente”. Em 2019, a relação foi atualizada e o relacionamento passou para “parceria estratégica abrangente de coordenação para uma nova era”. Neste ano, anunciaram mais uma vez um estreitamento na relação, só que desta vez Putin e Xi Jinping disseram que a parceria bilateral era maior do que alianças tradicionais, e que a amizade entre os países era “sem limites”, explica Camila.
“Um ponto que fortalece ainda mais a relação sino-russa é o relacionamento pessoal entre Xi Jinping e Vladimir Putin. Desde que se tornou presidente da China em 2013, Xi se reuniu com Putin mais de 40 vezes – mais que o dobro do número de vezes que Xi se reuniu com líderes de qualquer outra grande
potência”, ressalta a especialista.
Nesta semana, Xi Jinping visitou a Rússia, por três dias. Foi a primeira vez que isso ocorreu em 4 anos, e a primeira viagem internacional desde que o líder chinês foi reeleito para um terceiro mandato na presidência da China.
Rússia e China são nações de extrema importância no contexto global. A China é a segunda maior economia do mundo, e a Rússia, a 12ª, com o plus de ter o maior território do Planeta e ser um dos maiores produtores de energia, petróleo e gás natural.
Aliás, energia é um ponto bem estratégico para a Rússia em qualquer cenário geopolítico. “Os dois países mantêm um relacionamento estratégico e multifacetado com extensas conexões
militares, diplomáticas, econômicas e comerciais”, explicou Camila Amigo.
Exemplo disso é o acordo de fornecimento de gás russo para a China. Existe um gasoduto que liga a Rússia à Sibéria, e que leva gás até o norte da China. Esse acordo foi fechado em 2014, e foi definido pela comunidade internacional como “acordo do século”.
A visita de Xi Jinping à Rússia ganhou holofotes também pela momento, já que ocorre em meio a guerra na Ucrânia.
Mesmo com a parceria de longa data entre russos e chineses, há exceções em relação a conflitos e interesses. A Guerra é uma delas. A China se distanciou da atuação russa nesse contexto, inclusive já declarou que dois países como parceiros e não aliados. Esta foi uma forma chinesa de se colocar mais “distanciada” do confronto.
“No contexto econômico, é realmente um momento histórico para o relacionamento sino-russo, já que a China aparece como um contraponto às sanções impostas pelos países ocidentais – que proíbem as importações de petróleo russo e as exportações de produtos de alta tecnologia para Rússia.”, explicou Camila.
“A China já era o maior parceiro comercial individual da Rússia antes da guerra e respondia por 16% de seu comércio exterior total. Mas depois do início da guerra na Ucrânia, o comércio entre os dois países atingiu um nível recorde de US$ 190 bilhões em 2022, um aumento de 30% em relação a 2021. As importações russas com origem na China aumentaram 13% em relação ao ano anterior e chegaram a US$76 bilhões. Já as exportações russas para a China cresceram 43% na comparação com 2021, totalizando US$ 114 bilhões”, recordou.
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