A deputada Sâmia Bonfim (PSOL) foi ameaçada de estupro e morte um dia após comentários machistas na internet contra a chapa feminina formada por Simone Tebet e Mara Gabrilli (MDB, PSDB e Cidadania) para a Presidência da República. O machismo estrutural camufla a violência contra mulheres - na vida, na política e em cargos de poder - também na forma de falsos elogios.
Sâmia Bonfim, deputada estadual e líder no PSOL na Câmara, foi a mais nova vítima da violência contra mulher entre figuras públicas, nos últimos dias. A deputada prestou queixa na polícia após receber ameaças de morte e estupro por e-mail.
O usuário detalhou na mensagem que ela não seria reeleita, já que será “amarrada e estuprada” na frente do filho, de um ano e meio, e do marido, também deputado, Glauber Braga (PSOL).
O boletim de ocorrência foi registrado na sexta-feira, mas Sâmia publicou a história nas redes na terça-feira: “Refleti que, mesmo não sendo a primeira ameaça, foi a mais grave e perversa. Muito semelhante às que foram dirigidas à Manuela D’Ávila e Duda Salabert”, escreveu a deputada.
O inquérito para investigação da autoria do crime está sob responsabilidade da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Como citado por Sâmia, a ex-deputada federal Manuela D’ávila também fez uma denúncia, nas redes sociais, após receber ameaça direcionada à ela e sua filha Laura de seis anos.
Na mensagem, exposta por Manuela, um usuário xinga e faz comentários com conotações sexuais para a filha dela, além de ameaçar matar o ex-presidente Lula.
Manuela explicou que “ser uma mulher pública no Brasil é ser ameaçada permanente. É conviver com a ameaça de estupro como correção pela coragem, com a ameaça de morte como silenciador”, escreveu.
Nesta semana, após a confirmação de Mara Gabrilli (PSDB) como vice de Simone Tebet (MDB) para as eleições presidenciais, diversos internautas denunciaram as falas machistas vindas de líderes partidários, nas redes, no evento de lançamento da chapa feminina.
As ameaças, atitudes e falas machistas não são apenas direcionadas às mulheres do Congresso. Um levantamento feito pela Polícia Militar do Rio de Janeiro mostrou que, no primeiro semestre deste ano, sete denúncias de violência contra mulher aconteciam por hora. Foram mais de 34 mil denúncias de casos de violência contra mulher no estado nos primeiros seis meses.
Além dos dados, reportagem publicada no G1 relembrou casos de feminicídio no estado do Rio de Janeiro, que registrou 57 feminicídios neste primeiro semestre. (G1)
Neste mês, a campanha Agosto Lilás é realizada para conscientizar a população sobre a violência contra a mulher.
(Foto no Topo: Reprodução/Unsplash)
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