Um dos maiores eventos na área da inovação, e que ocorre no Brasil, levantou o debate sobre a desigualdade de gênero e a falta de lideranças femininas dentro das áreas de tecnologia e finanças.
De acordo com 16ª edição do Global Gender Gap Index, o mais abrangente estudo sobre desigualdade de gênero no mundo, se seguir o ritmo atual de progresso, o mundo levará 132 anos para que haja uma paridade completa entre homens e mulheres. O levantamento mostra que lideranças femininas são escassas: mulheres ocupam apenas um terço dos cargos de liderança em empresas no mundo — a participação delas era de 37% em 2022.
Em alguns setores, a liderança feminina representa metade dos cargos de gestão. É o caso de ONGs e associações (47%), educação (46%) e serviços pessoais e de bem-estar (45%). Entretanto, há setores em que a liderança feminina está em absoluta minoria, como tecnologia (24%), energia (20%) e infraestrutura (16%).
Esse foi um temas abordados no South Summit Brazil, um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo, que está acontecendo em Porto Alegre (RS). O painel Women Leading Finance abordou as experiências de empreendedoras e gestoras num universo em que os cargos de liderança ainda são marcados pela desigualdade entre os gêneros.
Conduzida por Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, a conversa pontuou as experiências vividas por Connie Ansaldi, CEO da empresa de blockchain Carnival Art, e por Luciane Dalmolin, diretora sênior de vendas da Dell Technologies.
“Apenas 3% dos recursos das organizações de capital de risco são destinados a empresas fundadas por mulheres”, destacou Connie.
Este cenário é complementado por um levantamento das consultorias KPMG e Harvey Nash, divulgado em 2022. O estudo aponta que apenas 16% das empresas de tecnologia na América Latina têm mulheres em cargos seniores.
Transformar um universo majoritariamente masculino requer ações em diversas frentes. Desde iniciativas individuais de reafirmação da capacidade de mulher à criação de uma cultura de equidade. Para Connie, a mulher precisa ser uma pedra do sapato. “Se nós não dissermos que finanças, tecnologia, matemática e inovação são temas para mulheres, ninguém dirá e nada vai acontecer”.
“Sou mulher, latina e fundadora de uma empresa que trabalha com algo que não possui o mesmo hype que a inteligência artificial, por exemplo. Blockchain representa um conceito de difícil assimilação. Isso me obriga da trabalhar mais e com mais força a cada dia”.
Segundo a Organização das Nações Unidas, por mais que características individuais como educação, tempo de trabalho, segregação ocupacional, e habilidades expliquem parte das disparidades salariais entre homens e mulheres, o grande motivo ainda se deve à discriminação com base no gênero.
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