Nos últimos anos, o Brasil tem registrado avanços significativos na redução do analfabetismo. Segundo dados recentes do IBGE, a taxa de analfabetismo caiu de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. Apesar dessa melhora, ainda existem diferenças gritantes entre regiões do país e questões e socioeconômicas que precisam ser enfrentadas.
De acordo com os números da PNAD Contínua referentes a 2022, divulgados na semana passada, a região Nordeste apresenta a taxa mais alta de analfabetismo, atingindo 11,7%. Por outro lado, o Sudeste registra a menor taxa, com apenas 2,9%. Essa discrepância fica ainda mais clara entre idosos, com uma diferença considerável: 32,5% dos idosos nordestinos são analfabetos, enquanto no Sudeste a taxa é de 8,8%.
Das 9,6 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever, a maioria (59,4%) vive no Nordeste, sendo que 54,1% delas têm 60 anos ou mais. Entre as unidades federativas, Piauí (14,8%), Alagoas (14,4%) e Paraíba (13,6%) apresentam as maiores taxas de analfabetismo, enquanto o Distrito Federal (1,9%), Rio de Janeiro (2,1%) e São Paulo e Santa Catarina (ambos com 2,2%) tiveram as menores taxas.
As desigualdades também são evidentes quando analisamos a questão racial. Entre as pessoas pretas ou pardas com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismo atinge 7,4%, mais que o dobro da taxa encontrada entre as pessoas brancas, que é de 3,4%. No grupo etário dos 60 anos ou mais, a situação é ainda mais preocupante, com uma taxa de analfabetismo de 23,3% entre os pretos ou pardos, enquanto entre os brancos esse índice é de 9,3%.
É importante ressaltar que, pela primeira vez, mais da metade (53,2%) da população de 25 anos ou mais concluiu, pelo menos, a educação básica obrigatória, ou seja, tinham ao menos o ensino médio completo. No entanto, quando observamos o recorte racial, percebemos que apenas 47% das pessoas pretas ou pardas atingiram esse nível de escolaridade, enquanto entre as brancas a proporção era de 60,7%.
Outro dado preocupante que a PNAD traz é a queda na taxa de escolarização das crianças de 4 a 5 anos, que passou de 92,7% em 2019 para 91,5% em 2022. Apesar de a taxa entre 6 a 14 anos se manter elevada em 99,4%, a taxa ajustada – que leva em conta a relação idade/etapa – , caiu de 97,1% em 2019 para 95,2% em 2022, atingindo o menor nível desde 2016.
No entanto, nem tudo são más notícias. A taxa de escolarização das pessoas de 15 a 17 anos aumentou de 89% em 2019 para 92,2% em 2022. Além disso, também houve um aumento na proporção daqueles que estão na etapa adequada, frequentando ou já tendo concluído o ensino médio, passando de 71,3% em 2019 para 75,2% em 2022.
No que diz respeito ao ensino superior, ainda persistem diferenças entre as raças. Entre os jovens de 18 a 24 anos, 36,7% das pessoas brancas estão estudando, enquanto entre pretos e pardos a taxa é de 26,2%.
Além disso, a parcela de brancos que estão cursando uma graduação é de 29,2%, enquanto entre os pretos ou pardos esse percentual é de apenas 15,3%. É importante destacar que 70,9% dos pretos e pardos nessa faixa etária não estudam nem concluíram o ensino superior, enquanto entre os brancos esse número é de 57,3%.
Em relação à rede de ensino, em 2022, a maioria dos alunos na creche e pré-escola (77,2%), no ensino fundamental regular (82,5%) e no ensino médio regular (87,1%) estava matriculada na rede pública. Já no ensino superior, a rede privada atendia a 72,6% dos estudantes, enquanto na pós-graduação esse número era de 75,8%.
Um dado alarmante é o fato de que cerca de 18,3% dos jovens de 14 a 29 anos não concluíram o ensino médio, seja por abandono ou por nunca terem frequentado a escola. Entre as principais justificativas para o abandono escolar, a necessidade de trabalhar foi mencionada por 40,2% dos jovens nessa faixa etária.
(Fonte: IBGE)
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