Técnicos brasileiros fizeram a diferença no Catar

O Catar, que neste domingo (20) abre a Copa do Mundo em jogo contra o Equador, às 13h (horário de Brasília), tem uma longa ligação com o futebol brasileiro. Filiado à Fifa em 1972, o país apostou que, levando para o pequeno país do Oriente Médio treinadores brasileiros, conseguiria desenvolver o futebol local e, quem sabe, passar pelas Eliminatórias Asiáticas, o que até hoje nunca aconteceu.

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Marina Izidoro

O treinador Evaristo de Macedo foi o primeiro a ser levado para o país anfitrião da Copa do Mundo. Em 1980, ele deixou o Santa Cruz (PE) e foi para Doha, inicialmente recebendo US$ 150 mil de luvas e um salário de US$ 17 mil, valor que se multiplicou ao longo do tempo. Evaristo levou a seleção de juniores do Catar ao vice-campeonato mundial da categoria em 1981, na Austrália.

Na ocasião, a desconhecida equipe bateu a Polônia (1 a 0), eliminou o Brasil nas quartas-de-final (3 a 2) e tirou a Inglaterra (2 a 1) nas semifinais, até perder para a Alemanha Ocidental na finalíssima por 4 a 0. Evaristo também comandou a seleção local nas Olimpíadas de Los Angeles 1984 e Barcelona 1992.

O técnico Evaristo de Macedo em entrevista à TV Brasil

“Na minha época, os jogadores eram só os catares, o futebol estava começando, nós tínhamos dois estádios, um pequenininho e um maior um pouco. Eu acho que o Catar foi muito bom pra mim, esportivamente e financeiramente também, porque lá a gente tinha melhores condições para trabalhar. Eu não tenho queixa de nada. Tive bons resultados, deixei lá uma amizade muito grande e eles têm um carinho muito grande por mim”, disse Macedo em entrevista ao quadro “Setentões” do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.

Mas, outros brasileiros também foram levados para desenvolver o esporte local: Dino Sani, Procópio Cardoso, Cabralzinho, Ivo Wortmann, Sebastião Lapola, Zé Mário, Paulo Campos, Sebastião Lazaroni e Paulo Autuori. Isso fez com que os times do Catar viessem fazer temporadas no Brasil, onde realizaram amistosos contra, pelo menos, dezoito times ao longo dos anos.

Os clubes brasileiros também foram bem recebidos em Doha, a começar pelo Santos. Pelé foi recebido com pompa em fevereiro de 1973. Na ocasião, o time santista bateu o Al-Ahli Sports Club por 3 a 0.

O futebol era tão incipiente no Catar que, durante uma longa temporada no Rio de Janeiro em 1980, a seleção dirigida por Evaristo de Macedo chegou a perder por 7 a 0 para o mediano time do Campo Grande e por 4 a 0 para o Madureira. E qual a impressão que deixaram por aqui?

“Os jogadores do Catar são indisciplinados, descorteses e adoram catimbar em campo. O jogador Magid foi eleito o mais atrevido do seu grupo. Em jogo, quis arrancar o cartão vermelho das mãos do árbitro Paulo Roberto Chaves”, escreveu, à época, o cronista Milton Salles.

Bangu

Nas décadas de 1980 e 1990 era bem mais comuns amistosos entre seleções nacionais e clubes e nenhum outro time enfrentou tanto a seleção do Catar quanto o Bangu: foram dois amistosos em Doha em 1985 (quando o Catar era dirigido por Dino Sani), dois amistosos no Rio em 1988 (sob o comando de Procópio Cardoso), dois jogos em Doha em 1989 (novamente com Dino Sani) e três amistosos em Doha em 1992 (com o técnico Sebastião Lapola).

Além do Bangu, o Catar levou times tradicionais, como o Atlético Mineiro, o Internacional e o Fluminense, para se apresentarem em Doha. Aqui, jogaram contra o Manufatora de Niterói, o Petropolitano e o Entrerriense.

Mas a era dos amistosos entre clubes e países terminou. A seleção, atualmente comandada pelo espanhol Félix Sánchez, esteve no Brasil em 2019 para participar da Copa América, treinou no CT do Fluminense, mas não enfrentou nenhum time local.

O último jogo entre o Catar e um time brasileiro ocorreu há mais de 20 anos, contra o Palmeiras, em 1998, e a equipe de Luiz Felipe Scolari venceu por 2 a 0.

(Com Agência Brasil)

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Marina Izidoro

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