Ao menos sete pessoas morreram e e outras oito ficaram gravemente feridas por tiros efetuados na noite desta quinta-feira (9) em um centro das testemunhas de Jeová em Hamburgo, de acordo com a polícia desta grande cidade do norte da Alemanha. O atirador, um ex-membro da igreja, praticou suicídio no local.
*Esta reportagem foi atualizada nesta sexta (10) às 10h00
O homem que matou sete pessoas a tiros em um centro das Testemunhas de Jeová em Hamburgo e depois cometeu suicídio era um ex-membro desta comunidade, com a qual estava em conflito, afirmou a polícia da Alemanha nesta sexta-feira (10).
“Philipp F. era um ex-membro das Testemunhas de Jeová”, declarou à imprensa um comandante da polícia. De acordo com a fonte, o atirador havia abandonado a comunidade há 18 meses, “aparentemente não em bons términos”.
Segundo o jornal Hamburger Abendblatt, as testemunhas de Jeová estavam no local por cerca de duas horas antes do ataque para uma reunião semanal dedicada ao estudo da Bíblia.
Minutos após o ataque, ainda sem informações necessárias, a polícia local pedia para que os moradores ao redor evitassem a zona de perigo. “Fiquem onde estão e não saiam por enquanto”, pediu o escritório federal de defesa civil em comunicado.
“As notícias vindas de Alsterdorf/Gross Borstel são perturbadoras”, disse o prefeito da cidade, o social-democrata Peter Tschentscher, no Twitter.
As forças da ordem “receberam chamadas por volta das 21h15 [17h15 de Brasília] para serem informadas de disparos no edifício” de três andares, situado no bairro de Gross Borstel, na zona norte de Hamburgo, indicou um porta-voz da polícia à emissora NTV.
As forças de intervenção “adentraram rapidamente no edifício e encontraram mortos e feridos graves”, acrescentou o porta-voz.
Dentro do prédio, os agentes ouviram um disparo “procedente da parte superior do imóvel” e encontraram outra pessoa, segundo o porta-voz, que “ainda” não podia dar “indicações” sobre a motivação do crime.
Nesta sexta (10), foi possível confirmar o suicídio do autor dos disparos.
Fundadas no século XIX nos Estados Unidos, as testemunhas de Jeová se consideram herdeiras do cristianismo primitivo e baseiam seu credo somente na Bíblia.
O status da organização varia em função do país: estão no mesmo nível das “grandes” religiões na Áustria e na Alemanha, figuram como “culto reconhecido” na Dinamarca e como “denominação religiosa” na Itália.
Na França, diversos ramos locais dispõem do status de “associação de culto”, mas o movimento é acusado regularmente de ser sectário.
As autoridades alemãs estão em alerta para uma dupla ameaça no país: o jihadismo e a extrema direita.
A Alemanha já foi alvo de ataques jihadistas, em particular um atentado com um veículo que causou 12 mortos em dezembro de 2016 em Berlim, cuja autoria foi reivindicada pela Estado Islâmico. Esta foi a ação jihadista mais letal já cometida no país.
Desde 2013 e até o fim de 2021, o número de islamistas considerados perigosos com presença na Alemanha se multiplicou por cinco e é, na atualidade, de 615, segundo o Ministério do Interior.
Já o número de salafistas é calculado em 11.000, ou seja, duas vezes mais que em 2013.
Contudo, outra ameaça recorrente na Alemanha nos últimos anos é representada pela extrema direita, com ataques mortais contra centros comunitários e religiosos.
Em um atentado racista em Hanau, perto de Frankfurt (oeste), um alemão envolvido com movimentos de conspiração matou nove jovens, todos eles de origem estrangeira, em fevereiro de 2020.
(Com AFP)
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