Trump comparece à Justiça por acusação sobre documentos secretos

Donald Trump comparecerá nesta terça-feira (13) a um tribunal federal em Miami para o caso mais comprometedor aberto contra ele até o momento. O ex-presidente republicano foi indiciado por administrar segredos de Estado de maneira negligente, colocando em perigo a segurança nacional.

Publicado por
Agence France-Presse

Trump, 76 anos e pré-candidato para retornar à presidência, deve comparecer ao tribunal às 15h locais (16h de Brasília) para a leitura das acusações.

A Procuradoria acusa o republicano de ter conservado documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca, incluindo alguns que continham informações secretas sobre armas nucleares.

Trump enfrenta 37 acusações, incluindo “retenção ilegal de informações vinculadas à segurança nacional, obstrução de Justiça e falso testemunho”.

“Nunca houve algo assim. Nunca houve uma caça às bruxas como esta”, queixou-se Trump, em declarações a uma emissora de rádio local após chegar a Miami na segunda-feira.

“Quando você olha o que fizeram, quando olha os atos criminosos e os atos horríveis que cometeram… E eles vêm atrás de mim”, acrescentou.

Do lado de fora da corte, uma multidão de jornalistas espera, alguns desde segunda-feira, na esperança de poder entrar na sala.

Um pequeno grupo de apoiadores do ex-presidente também se reuniu, usando os característicos bonés vermelhos com os dizeres “Make America Great Again” (“Façam a América grande de novo”, em tradução literal).

“Estou aqui pelo simples fato da acusação ilegal contra Donald J. Trump. Não consigo acreditar que esteja passando por isso de novo”, disse Lázaro Ezenar à AFP.

“Isso é histórico e me assombra que, como um país que é um farol para o mundo, eu tenha que testemunhar esse espetáculo que está desonrando o que os Estados Unidos representam”, acrescentou Ezenar, de 48 anos.

Um caso mais comprometedor

Esta é a primeira vez que um ex-presidente dos Estados Unidos é indiciado pela Justiça federal.

No início de abril, ele foi indiciado por fraude contábil no estado de Nova York por um pagamento efetuado antes das eleições presidenciais de 2016 para silenciar uma atriz de filmes pornográficos que alega ter sido sua amante.

Mas o caso julgado em Miami parece mais comprometedor para Trump.

Nos Estados Unidos, uma lei obriga os presidentes a enviarem todos os e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional. Outra lei proíbe a manutenção de segredos de Estado em locais não autorizados e considerados inseguros.

Em janeiro de 2021, quando deixou a Casa Branca e seguiu para sua mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump levou dezenas de caixas repletas de arquivos.

Operação do FBI

De acordo com a acusação, as caixas foram empilhadas no palco de um salão de dança do complexo hoteleiro antes de serem transportadas para um depósito perto de uma piscina. Algumas tinham as palavras “segredo de Defesa”.

Em janeiro de 2022, depois de receber vários pedidos das autoridades, Trump decidiu devolver caixas com quase 200 documentos confidenciais.

Convencidos de que Donald Trump não havia entregado todos os documentos em seu poder, vários agentes do FBI entraram em Mar-a-Lago em 8 de agosto e levaram mais de 30 caixas com 11.000 documentos.

Trump considera o caso uma “caça às bruxas” para prejudicar sua candidatura à presidência. O republicano acusou uma interferência do presidente democrata, Joe Biden, que pode ser mais uma vez seu rival nas eleições de 2024.

De acordo com uma de suas advogadas, Trump vai se declarar inocente.

Em declarações à Americano Media, Trump disse que seus adversários “estão tentando, pela Justiça, o que não podem conseguir nas urnas”.

Afirmou ainda que está sendo perseguido “para ocultar a corrupção de Biden”. Os republicanos acusam vários familiares do presidente, sobretudo, seu filho Hunter, de ter tido dinheiro de negócios obscuros com empresas chinesas e romenas.

O comparecimento do ex-presidente provoca temores com a segurança ao redor do tribunal, depois que cidadãos ultraconservadores convocaram manifestações em defesa de Trump.

“Levamos este acontecimento muito a sério”, afirmou o chefe de polícia de Miami, Manuel Morales, na segunda-feira.

Milhões de dólares

Assim como aconteceu depois da audiência em Nova York em abril, Trump convocou os simpatizantes para um discurso que, desta vez, acontecerá em seu clube de golfe de Bedminster, em Nova Jersey.

Após o indiciamento de abril, o ex-presidente se gabou de ter recebido milhões de dólares de seus seguidores. Muitos deles, convencidos de que Trump é vítima de uma conspiração, continuam a apoiá-lo contra todas as adversidades.

É um apoio necessário para Trump, que enfrenta outras investigações judiciais. Uma procuradora do estado da Geórgia deve anunciar até setembro o resultado de uma investigação sobre as supostas pressões que o republicano exerceu para tentar mudar o resultado das eleições de 2020.

O julgamento criminal do caso aberto em Nova York provavelmente acontecerá no início de 2024, em plena campanha para as primárias republicanas, nas quais Trump é o grande favorito.

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