Trump é acusado de colocar em risco a segurança nacional dos EUA

Donald Trump colocou em perigo a "segurança nacional" dos Estados Unidos ao reter segredos nucleares após deixar a Casa Branca, de acordo com documentos judiciais divulgados nesta sexta-feira (9).

Publicado por
Agence France-Presse

O ex-presidente republicano, que busca um segundo mandato no próximo ano, enfrenta 37 acusações, incluindo “retenção ilegal de informações de segurança nacional” e “obstrução da justiça”, de acordo com a ata de acusação.

Ele também é acusado de perjúrio e cumplicidade com seu assistente pessoal, Walt Nauta, também processado, por ocultar documentos solicitados pelo FBI.

Na quinta-feira, Trump anunciou que tinha sido acusado pela Justiça federal por sua manipulação de arquivos da Casa Branca, algo inédito para um ex-presidente, e afirmou ter sido convocado para comparecer a um tribunal em Miami na terça-feira.

“Sou inocente”, clamou, afirmando ser vítima de uma manobra de seus adversários democratas.

O presidente democrata Joe Biden, que vai concorrer à reeleição em 2024, se recusou a comentar nesta sexta-feira se discutiu o assunto com o procurador-geral, Merrick Garland.

“Não falei com ele e não falarei. E não tenho mais comentários sobre isso”, disse a um repórter após ser questionado sobre o tema.

A lei dos Estados Unidos exige que os presidentes enviem todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho para os Arquivos Nacionais ao término de seus mandatos. Além disso, proíbe o armazenamento de segredos de Estado em locais não autorizados e não seguros.

“Temos um conjunto de leis neste país, e elas se aplicam a todos”, disse o promotor especial Jack Smith, após a acusação oficial de que Trump se apropriou de documentos altamente secretos.

Ao deixar a Casa Branca em janeiro de 2021, Trump mudou-se para sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, e levou consigo dezenas de caixas cheias de arquivos secretos do Pentágono, CIA, Agência de Segurança Nacional (NSA) e outros órgãos de inteligência.

Um ano depois, e após várias ordens judiciais, concordou em devolver 15 caixas contendo quase 200 documentos.

No entanto, o FBI considerou que ele não entregou tudo e continuava guardando documentos em seu clube de golfe em Palm Beach. Agentes do FBI realizaram uma busca no local em 8 de agosto e apreenderam outras trinta caixas com 11.000 documentos.

Segundo a acusação, foram encontrados documentos classificados “em uma sala de festa”, mas também “em um banheiro, no chuveiro”, em “um escritório” e em “um quarto”.

O material encontrado incluía “informações sobre a capacidade de defesa dos Estados Unidos e de outros países”, “sobre os programas nucleares americanos” e “sobre as vulnerabilidades potenciais em caso de ataque aos Estados Unidos e seus aliados”.

Sua potencial “divulgação teria colocado em perigo a segurança nacional dos Estados Unidos e suas relações internacionais”, afirmou Smith, nomeado em novembro para supervisionar a investigação de forma independente.

Atriz pornô

Ao mesmo tempo, outro promotor especial investiga o caso dos documentos sigilosos encontrados no início do ano no antigo escritório e residência de Biden.

Essas descobertas, juntamente com outras relacionadas ao ex-vice-presidente Mike Pence, permitiram que Trump minimizasse a gravidade das acusações contra si.

Ao contrário de Trump, Biden cooperou com a Justiça ao entregar voluntariamente todos os documentos, que eram muito menos numerosos do que os de seu antecessor.

Até agora, os republicanos têm apresentado uma frente de apoio a Trump, mesmo aqueles que estão concorrendo com ele pela indicação presidencial do partido e que estão muito atrás nas pesquisas.

O resultado das eleições seria crucial dado que uma vitória o protegeria da prisão.

Os problemas de Trump não se limitam a este caso.

Uma promotora da Geórgia pretende divulgar em setembro o resultado de sua investigação sobre as pressões de Trump para mudar o resultado das eleições presidenciais de 2020 nesse estado.

Em abril, a Justiça do estado de Nova York acusou Trump de fraude contábil relacionada a um pagamento feito em 2016 a uma atriz pornô para mantê-la em silêncio sobre um suposto caso amoroso.

E o promotor Smith, cuja carreira inclui a persecução de criminosos de guerra no Kosovo, continua investigando o papel de Trump no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

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Agence France-Presse

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