A Ucrânia afirmou nesta quinta-feira (24) que realizou uma operação na Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014 e considerada pelo Kremlin como um reduto, uma ação simbólica no Dia da Independência.
“O inimigo sofreu perdas entre os seus homens, e equipamentos foram destruídos. E a bandeira nacional tremulou novamente na Crimeia ucraniana”, disse a Inteligência militar ucraniana no Telegram.
A fonte não especificou as missões destas unidades das forças especiais, mas destacou que chegaram por mar, desembarcando nas localidades de Olenivka e Mayak, no oeste da península, antes de partirem “sem baixas”.
“Todos os objetivos e tarefas foram cumpridos. Ao final da operação especial, os defensores ucranianos deixaram o local sem perdas”, afirmou a inteligência militar ucraniana, que não costumar comentar publicamente as operações em territórios ocupados.
Na véspera, a inteligência ucraniana reivindicou a responsabilidade pela destruição de um sistema de mísseis terra-ar na mesma área.
A Ucrânia prometeu libertar todo o seu território ocupado pela Rússia desde a invasão de fevereiro de 2022, assim como a Crimeia, anexada em 2014.
A operação e a exigência do hasteamento da bandeira ucraniana na península adquiriram um aspecto simbólico por ter ocorrido no Dia da Independência da Ucrânia.
“Com Olena (esposa do chefe de Estado, NR) honramos a memória dos defensores que morreram em combate por nosso país”, disse o presidente Volodimir Zelensky no Telegram, depois de visitar a catedral de Santa Sofia, no centro de Kiev.
O presidente ucraniano, com a esposa Olena, depositou flores em frente a um muro com retratos de soldados mortos no front.
“Lembramos de todos aqueles que deram as suas vidas pela liberdade e independência, pelo futuro livre da Ucrânia”, declarou o presidente, instando os seus cidadãos “a não perderem a confiança nestes tempos difíceis”.
Neste ano, o Dia da Independência da Ucrânia acontece 18 meses após o início da invasão da ex-república soviética pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, contra a qual Kiev lançou uma contraofensiva em junho.
“A festa de um povo livre. A festa de pessoas fortes. A festa de pessoas dignas. A festa de pessoas iguais”, disse Zelensky em comunicado.
Na manhã desta quinta-feira, moradores de Kiev caminharam pela avenida Khreshchatyk, principal via de Kiev, alguns tirando fotos com tanques russos expostos e outros vestindo as famosas “vyshyvanka”, camisas largas bordadas que se tornaram um símbolo de unidade nacional contra invasões.
O clima de festa contrastava com a realidade dos combates, centenas de quilômetros a leste e a sul de Kiev.
Na cidade de Dnipro, no centro-leste do país, um bombardeio deixou pelo menos dez feridos, dos quais três foram hospitalizados, informou o governador regional, Serguii Lisak.
Lisak publicou diversas fotos no Telegram com prédios destruídos, janelas quebradas e escombros no chão.
Mais a sul, em Kherson, uma cidade retomada em novembro pelo exército ucraniano mas que continua a ser alvo frequente do fogo russo, uma menina de sete anos foi ferida “nas costas, braços e pernas” em um bombardeio “no centro da cidade”, disse o governador regional, Oleksander Prokudin.
Nesta quinta-feira, a DTEK, operadora privada de eletricidade, denunciou um bombardeio russo contra uma de suas usinas termelétricas que, segundo a empresa, já havia sido alvo de outros ataques de Moscou.
No plano diplomático, a Noruega fornecerá à Ucrânia caças F-16, anunciou a imprensa norueguesa.
No fim de semana passado, Holanda e Dinamarca anunciaram que também entregarão essas aeronaves a Kiev.
Depois de ter visitado vários países europeus, o presidente ucraniano recebeu nesta quinta-feira o seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, na capital.
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